Com o Covid-19, o mundo vai sofrer transformações radicais, ao nível dos relacionamentos humanos. Porque o perigo espreita a cada esquina, passamos a olhar os outros como potenciais fontes de contágios que poderão ser fatais. Estão à vista de todos as regras impostas pela pandemia: os hábitos de proximidade e de cumprimentos afetivos, como abraços e beijos, as tertúlias para trocas de impressões e a hora do café para descontrair, o estar com este ou aquele para pôr a escrita em dia, o simples passeio a um recanto turístico, o ir à bola ou a um espetáculo para gritar pelo nosso clube ou para cultivar o espírito, o ir à missa, a uma peregrinação ou a uma cerimónia, tudo está por ora cancelado. O outro passa a ser potencialmente um inimigo, em qualquer sítio, em qualquer rua, em qualquer sala.
No comércio e na indústria estão em curso transformações para seguir à risca: circular num só sentido, trabalhar sem contactos com colegas, ser atendidos à distância pelos empregados, usar máscaras em todo o lado, entradas proibidas a quem as não usa, lavar as mãos e desinfetar os objetos ou utensílios, não mexer nos produtos expostos, etc…
A desconfiança instalou-se nas sociedades até aqui abertas e saudavelmente comunicativas. O medo ainda não nos deixou de vez. Apesar de tudo, creio firmemente que os homens e mulheres do nosso tempo saberão adaptar-se a este mundo diferente que o Covid-19 nos impôs.
F. M.