sexta-feira, 29 de maio de 2020

Abre o coração ao sopro do Senhor

Reflexão de Georgino Rocha
para  a Festa de Pentecostes 

"O sopro de Jesus gera em nós um coração novo, um olhar puro, uma audácia ousada, uma experiência feliz"

João coloca o envio do Espírito Santo no dia da Ressurreição, o primeiro da semana, ao anoitecer (da esperança dos discípulos). Jo 20, 19-23. Lucas prefere situá-lo na festa de Pentecostes, festa tradicional das colheitas, festa memorial que passa a celebrar a aliança de Deus com o seu povo, a partir do Sinai. Lucas, com esta opção, pretende fazer catequese e mostrar que o novo povo, a comunidade cristã, nasce com a vinda do Espírito e o anúncio de Jesus ressuscitado pelos apóstolos.
A narrativa de João “visualiza” esta vinda de forma expressiva e solene. Constitui uma cena enternecedora, cheia de significado, tendo Jesus apresentado as suas credenciais ao grupo amedrontado – apesar dos sinais de esperança ocorridos durante o dia -, fechado em si mesmo e na casa onde estava reunido, enquanto a noite descia lentamente sobre a cidade. E a reviravolta acontece, a começar pela sintonia criada e audácia assumida.
Jesus aparece e coloca-se no meio deles, deseja-lhes a paz, mostra as feridas da sua paixão, reafirma a união que mantém com Deus Pai de quem é o enviado, anuncia a missão que lhes vai confiar, sopra sobre eles e diz: “Recebei o Espírito Santo”. Que “evolução” anímica e espiritual se pode pressentir neste episódio singular: da dispersão interior à convergência em Jesus, o centro do encontro que gera vida; do medo castrador à coragem fecunda e inovadora; da inquietação perturbante à pacificação harmoniosa e confiante; da tristeza amarga pela sensação de uma ausência sofrida à experiência exultante de alegria pela novidade da presença tão desejada; do vazio existencial face ao presente e ao futuro, ao envolvimento imediato na missão condensada na “gestão” sábia do perdão como dom de Deus.
O sopro de Jesus dá “rosto” expressivo ao sopro de Deus que estabelece a harmonia no caos original e faz humano o ser criado. O sopro de Jesus é portador de vida em todas as situações de morte como no seu processo de condenação que abre as portas à feliz ressurreição. O sopro de Jesus, tal como nos discípulos, impele a Igreja a abrir as portas e a sair ao encontro, a testemunhar a alegria que a invade, a esperança que a anima. O sopro de Jesus gera em nós um coração novo, um olhar puro, uma audácia ousada, uma experiência feliz que nos impulsiona a partilhar esta força que nos anima e eleva, fortalece e equilibra; que nos leva a desejar a purificação da consciência e a fazer festa de comunhão; que nos faz amar a verdade que liberta e a honestidade que nos responsabiliza, sobretudo na fase histórica que vivemos e a todos/as envolve. A Igreja, particularmente o Papa Francisco, exorta continuamente a consciência dos cristãos e a atenção das pessoas de boa vontade. Fruto desta solicitude é a nova iniciativa Jubilar. 
Começou no domingo passado e concluir-se-á no mesmo dia de 2021, um tempo de Jubileu para a Terra. Organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, da Santa Sé, Será um Ano Especial concebido como um momento de graça para a humanidade e para todas as criaturas de Deus. 
A urgência da situação, continua a mensagem de anúncio e convocação, requer respostas imediatas, holísticas e unificadas a todos os níveis – local, regional, nacional, internacional –, sobretudo através de um “movimento popular”, uma aliança entre todas as pessoas de boa vontade que, como recorda o papa Francisco na encíclica Laudate Si, número 14, colaborem como instrumentos de Deus pelo cuidado da criação, cada qual com a sua cultura e experiência, as suas capacidades..
A nível individual recomenda-se a adoção de estilos de vida simples: sobriedade no uso dos recursos e da energia, evitar os plásticos de um só uso, adotar uma dieta mais vegetal e reduzir os consumos de carne, maior utilização dos transportes públicos em relação àqueles que mais poluem e outras iniciativas ao alcance de cada um. Por isso, abre o coração ao sopro do Senhor.

Pe. Georgino Rocha

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue