A Lita completou hoje, 10 de março, a sua 80.ª primavera. Diz-se, não sei por que razão, que não se deve perguntar nem dizer a idade das senhoras, como se tal desse azar ou coisa do género. Penso que a Lita tem motivos de sobra para se regozijar pela idade que tem. Já viveu, até agora, uma vida longa, e todos, os que a amamos, queremos continuar a usufruir da sua juventude, sempre disponível para servir, mesmo quando lhe faltam as forças… próprias das canseiras.
Permitam-me que diga, de passagem, que a vida não é só a que o calendário inexoravelmente regista e os documentos atestam. A vida não tem idade no dia a dia da nossa existência terrena. Cada minuto com sonho lindo apaga anos de sombras indefinidas.
Costumamos dar uma volta por aí no dia 10 de março, mas este ano, por força dos sustos coronavíricos, ficámos por casa, mas prometemos que na próxima oportunidade sairemos para saborear o ar fresco da maresia que nunca nos cansa, decerto em dia com céu azul a franquear-nos horizontes de paz e de cumplicidades bem próprias de um matrimónio com 55 anos, alimentado pelas bênçãos de Deus e pelo apoio indispensável de familiares e amigos.
Com incómodos de saúde aqui ou ali, agora ela depois eu, ambos em simultâneo algumas vezes, o rolar da vida vai passando por invernos frios, logo seguidos de primaveras e verões reconfortantes… E o outono da existência não nos rouba a alegria dos filhos, netos e demais familiares, nem a simpatia de amigos sem conta.
Fernando Martins