quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Priores na toponímia da nossa terra

Priores: Sardo, à esquerda, Rubens, em cima e Guerra, em baixo

Quem circula pela Gafanha da Nazaré, naturais, residentes ou visitantes, cruza-se com mais de 260 arruamentos (alamedas, ruas, largos, travessas, becos e parques) batizados com nomes de figuras importantes da história pátria, mas também de pessoas ilustres da nossa terra e região que mereceram a atenção dos nossos autarcas, os primeiros responsáveis pela toponímia. Concorde-se ou não, a verdade é que esses batismos, uma vez aprovados, dificilmente poderão ser substituídos por outros pelos transtornos que isso causaria aos moradores e não só. 
Na toponímia da Gafanha da Nazaré há três priores que dão nome a uma alameda e a duas ruas. Alameda Prior Sardo e Ruas Prior Guerra e Padre Rubens, já falecidos, que deixaram rastos indeléveis da sua dedicação à nossa terra e suas gentes.
O Prior Sardo, de seu nome completo João Ferreira Sardo, que muitíssimo contribuiu para a criação da freguesia e paróquia, exerceu as funções de pároco entre 1910 e 1922, passando a coadjutor do novo prior, Padre José Francisco Corujo, em 7 de Novembro de 1922. Faleceu a 20 de Dezembro de 1925, com 52 anos de idade. No pedestal da sua estátua, há uma frase que diz muito, citada pelo Padre Rezende, na “Monografia da Gafanha”: «O asseio que hoje já se nota nas habitações da Gafanha tem alguma coisa de instrutivo. É o resultado da persistente insinuação da limpeza que eu sempre prego quer nas homilias quer no confessionário e que é parte complementar do asseio que desejo e quero nas almas.» 
O Padre José Francisco Corujo, mais conhecido entre nós por Prior Guerra, foi pároco entre 5 de Outubro de 1922 e 1948, ano em que se retirou para a sua terra natal, Ílhavo, onde faleceu em 12 de Março de 1963. Conheci-o como um homem bom, humilde e exemplar. Dele se diz que era rigoroso nas contas e cioso nos gastos. Viveu em residências arrendadas, recusando envolver-se na construção de uma residência paroquial, para não chocar os paroquianos que viviam, alguns, em palheiros de tábuas, como se lê no livro “Gafanha de Nossa Senhora da Nazaré”. 
O padre Rubens Severino, ligado ao Movimento de Schoenstatt, exerceu o cargo de coadjutor na Gafanha da Nazaré entre 1979 e 1982, sendo nomeado pároco logo depois. Faleceu em 21 de Março de 1990, no Brasil, para onde se retirou por razões de saúde. 
Conheci bem a sua entrega ao nosso povo e a sua capacidade de se relacionar com toda a gente, independentemente da cor política, religiosa ou não religiosa dos que o procuravam. Cativava pela sua simplicidade e desenvolveu uma pastoral de proximidade. Homem generoso, dialogante e atento aos carentes de bens materiais e espirituais. 

Fernando Martins

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