Avenida (foto dos meus arquivos) |
Ontem fui a Aveiro sem pisar os trilhos habituais — grandes superfícies e equiparados. Andei pela Avenida Dr. Lourenço Peixinho, que já foi a sala de visitas da cidade, onde noutros tempos havia as novidades, que não foram nem são, aliás, o meu forte. Há imensos vestígios do passado, mas a modernidade persiste em se impor. E gostei, apesar de tudo. Porém, muito se fala da modernização da Avenida para a restituir ao esplendor de antigamente, mas tudo tarda.
Contudo, o que mais me impressionou não foram as modas, nem os prédios antigos, nem as lojas modernas, nem a gente moça que por ali caminha apressada. O que me suscitou mais atenção foram os rostos de gente anónima e de alguns conhecidos que, sem darem por mim, passavam encasacados com o frio e indiferentes a quem está ou vai de viagem à cata de um café quentinho em qualquer esquina.
Rostos de outrora que mantêm os traços essenciais: os mesmos sorrisos, os mesmo olhares, os mesmos tiques, porventura menos expressivos, mas vivos. É pela avenida que os aveirenses da minha geração mais passeiam; é nos cafés, pastelarias e bares que conversam; outros, olhos perdidos, dão uma vista de olhos ao passado. Regresso a casa com a promessa de que tenho de voltar.
Fernando Martins