sábado, 1 de junho de 2019

Gato vadio espera nova oportunidade


À espera de nova oportunidade
Sorrateiramente, o gato rastejava pela relva. Um palmo agora, outro depois, e mais uns tantos a seguir. O desafio veio de uns melros que, debaixo da laranjeira, debicavam miudezas para alimento, que ração especial não havia. Não será preciso cuidar das aves do céu, que a natureza se encarregará de as sustentar. 
Em silêncio, fiquei a aguardar o desfecho da eventual caçada. Os melros, olho nas sementes do chão, olho no perigo, lá se foram entretendo. E o gato insistia com a perspicácia que terá herdado da família dos gatos selvagens que nos rodeiam a casa. Alguns, porém, sem darem a mão, apenas se deliciam com as rações e água limpa que a Lita lhes vai garantindo durante o dia. Chegam a entrar em casa, em jeito de quem lembra que está na hora de manducar a oferta, mas ninguém ouse passar-lhe a mão pelo lombo. Não suportam o carinho de mãos humanas. 
O perseguidor estava perto do melros. Pacientemente, mais um avanço, curtíssimo, e mais outro, mas o melro de bico amarelo, tem faro de cão ou instinto de ave. E fugiu. O gato derrotado dá uma volta sobre o lombo para desentorpecer os nervos. E retira-se para planear um novo estratagema para logo mais voltar à caça. 

F.M.

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