Otília Bola |
Otília Bola, nossa conterrânea e docente no Agrupamento de Escolas de Vagos, onde leciona matemática e ciências naturais, participou recentemente numa peregrinação a Taizé, comunidade ecuménica com um dom especial para promover uma espiritualidade que convida à transformação interior que nos eleva a Deus, num ambiente de partilha com os irmãos de qualquer crença religiosa. “Ao ouvir tantos testemunhos, andava curiosa”, disse.
O encontro decorreu na primeira semana de março, onde se concentraram mais de dois mil jovens de diversas regiões de Portugal, França, Alemanha, Estados Unidos e Coreia.
O convite, “que há muito ansiava”, veio de uma aluna e a decisão foi rápida. Ouvida a família, marido e dois filhos, inscreveu-se, entusiasmada, integrando-se no grupo organizado no âmbito do agrupamento. E a curiosidade acicatou-lhe a interrogação: “O que tinha Taizé de especial para que toda a gente ali se sentisse tão tranquila, num ambiente de silêncio, de oração e reflexão, longe de todos os luxos que a sociedade hoje oferece?” E a resposta, porventura inexplicável para muitos, sentiu-a a Otília quando, na despedida, no regresso, depois da última oração, viu “tantos jovens que choravam emocionados, por tudo o que viveram durante aquela semana”.
Mais de dois mil jovens de diversas confissões religiosas viveram silêncios impressionantes, entoaram cânticos inspiradores da alegria e conviveram num espírito de partilha e de fraterna cumplicidade. E uma jovem de 18 anos garantiu à Otília: “Eu vim a Taizé procurar horizontes para o meu futuro.”
A nossa entrevistada ficou impressionada pelo exemplo de tantos participantes que, durante os três grandes momentos de oração diária, enriquecidos por silêncios e cânticos lindíssimos, mas ainda de reflexões em grupo e em assembleia, ousaram afugentar o stresse típico do nosso tempo, sem mostrarem cansaço ou qualquer tipo de desânimo. E nas horas vagas, durante toda a semana, nunca se recusaram a colaborar, alegremente, em tarefas de limpeza dos espaços, sanitários, serviço de refeições e arrumações.
A Otília Bola não se ficou pela observação do que viu, ouviu e sentiu. “Esta participação permitiu-me uma semana de paz; pensei no que tenho andado a fazer menos bem, refleti sobre aspetos a melhorar na minha forma de atuar no dia a dia, quer no âmbito pessoal e familiar quer profissional, enquanto me permitiu uma pausa que me fortaleceu e me deu muita tranquilidade.” E acrescentou: “Regressei e ainda hoje, quando acordo, ouço aqueles cânticos maravilhosos; os cânticos de Taizé dão-me uma paz extraordinária.”
Por outro lado, a professora do Agrupamento de Escolas de Vagos frisou a importância de estar com jovens, muito diferentes uns dos outros, com sentido fraterno, porém bastante abertos e colaborantes, sendo justo afirmar que, no encontro de Taizé, se “criaram muitas amizades, num espírito muito saudável”. “É uma experiência fantástica que todos os jovens deviam fazer a partir dos 15/16 anos”, concluiu.
Fernando Martins