sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Deus em quem eu creio. E tu?

Georgino Rocha
Santíssima Trindade

"Quando o amor é o caminho, a pobreza torna-se história. Quando o amor é o caminho, a Terra será um santuário. Quando o amor é o caminho, vamos baixar as espadas e os escudos junto ao rio para não estudarmos mais a guerra. Quando o amor é o caminho, existe muito espaço para todas as crianças de Deus. Porque quando o amor é o caminho, tratamo-nos uns aos outros como se fôssemos verdadeiramente uma família"

Michael Curry's, 
bispo da Igreja Episcopal dos Estados Unidos.


A Igreja celebra hoje a festa da Santíssima Trindade, insondável no seu ser, acessível no seu agir. Tudo na vida cristã começa e termina nesta realidade admirável. “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” abre e fecha toda a celebração; está presente e actuante, de modo singular, na Eucaristia; acompanha e guia a Igreja na sua missão no mundo; anima os seres humanos no cuidado da natureza e da criação; abre-lhes horizontes de beleza nas obras de arte e de músca; atrai-os com a harmonia do universo.

Os sábios de todas as culturas descobrem os seus vestígios e dão-lhe nomes diversos; os profetas intuem o seu mistério e apontam possíveis vias de acesso; os estudiosos deixam-se seduzir pelo insondável e lançam-se na aventura da investigação; filósofos e teólogos ponderam o Infinito que os atrai, fazem reflexões ousadas e formulam doutrinas que visam dar alguma explicação. O magistério da Igreja alicerça as suas certezas na Escritura e na Tradição e codifica-as em verdades que, por vezes, são definidas como dogmas em linguagens culturais próprias da época. E para segurança doutrinal, celebra concílios e sínodos que definem com rigor o que se deve crer. Sirva de exemplo os do século IV (Niceia e Constantinopla) e que ainda hoje rezamos na missa. Será tremendamente difícil aos fiéis cristãos atingirem o alcance desta profissão da fé.
Apesar disso, vamos seguir de perto os seus enunciados fundamentais no que se refere à Santíssima Trindade, procurando o rosto humano de Deus nas pessoas divinas e no seu agir histórico, em cada um de nós e em todos os seres humanos. E façamos o nosso pequeno credo.

“Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra”. Deus é Pai, fonte de vida, de amor e ternura; é força que protege e defende, amigo que nunca nos abandona. Pai querido como Jesus nos ensina, berço da nossa vida e mãos robustas de Pai que nos recebe na morte e conduz ao lar da sua família. Pai que faz da bondade o seu rosto preferido que brilha em todas as pessoas bondosas. O Teu Nome quase desapareceu do nosso quotidiano. Não sabemos motivar bem as crianças e os jovens; nem as pessoas idosas que podem conservar na consciência a tua representação deformada. E é tão urgente fazer a sua reconfiguração original.

“Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”. Que alegria reconhecer Jesus de Nazaré, o Filho único de Deus. Por natureza, claro; pois, graças a Ele, os humanos são-no por adopção, sobretudo depois do baptismo. Olhando-O, vemos o Pai, podemos sentí-Lo como humano, amigo, próximo. Jesus recomenda-nos: Sede misericordiosos como o vosso Pai celeste. E assim realizareis a missão que vos confio. A nossa humanidade, apesar de ferida pelo pecado, é sanada e torna-se o espelho do amor de Jesus por Deus Pai e por nós.

“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida”. A generosidade de Deus repercute-se na fecundidade humana: na transmissão da vida, na cultura do espírito, na relação fraterna, no cuidado da “mãe” natureza, na promoção do bem comum, no anúncio da Palavra e na celebração dos sacramentos, nos gestos de bênção, na esperança do futuro que está a germinar e, um dia, atingirá a plenitude. O Espírito é alento e guia, hóspede do coração humano que quer ajudar a estar em sintonia com o coração de Deus. É força de solicitude que nos encaminha em todas as direcções, sobretudo na dos pobres e descartados. É amor de doação que brilha na relação dos noivos que celebram o casamento/matrimónio.

Há dias, foi realizado o casamento real britânico de Meghan e Harry. Preside Michael Curry's, bispo da Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Descendente de escravos negros afro-americanos, faz sua a alegria da assembleia e, na sua homilia, afirma emocionado: "Quando o amor é o caminho, a pobreza torna-se história. Quando o amor é o caminho, a Terra será um santuário. Quando o amor é o caminho, vamos baixar as espadas e os escudos junto ao rio para não estudarmos mais a guerra. Quando o amor é o caminho, existe muito espaço para todas as crianças de Deus. Porque quando o amor é o caminho, tratamo-nos uns aos outros como se fôssemos verdadeiramente uma família". E uma grande salva de palmas ecoa nas naves do grandioso templo.

“Deus partilha connosco o Seu amor de Trindade: O Pai de ternura; o Filho de misericórdia; e o Espírito Santo de relação entre eles e faz da terra um espaço sagrado”. Esta síntese admirável provém das Monjas beneditinas de Monserrat, Barcelona. Vamos seguir algumas das suas reflexões sobre os caminhos do amor que irradiam nesta festa singular.

ConTigo, ó Pai, estamos no cimo dos cimos. Com dignidade, depois de cada ferida, de cada derrota. Que amplitude, Senhor! Tu nos ensinas o Amor: nada melhor, nada mais audaz, nada mais lúcido. Contigo Jesus, irmão de pobres e ricos, de livres e encarcerados, de generosos e mesquinhos. Tu nos ensinas a beleza da dignidade humana de cada um e de todos nós. Contigo, Espírito Santo, brisa suave no calor e na aflição, encanto e alegria nas horas felizes, força suave que discretamente nos guia, com verdade, nos caminhos da vida e da história. Sem pores condições. Livremente.

A 22 de Maio corrente, a Igreja celebra a festa de Maria, a Mãe da Igreja, por ser a Mãe de Jesus a convite de Deus Pai e com a cooperação do Espírito Santo. Ela, com José, seu esposo, torna-se símbolo familiar deste ser divino que se faz humano. Ela acompanha os discípulos de Jesus na Igreja nascente, no Pentecostes.

O Papa Francisco, na homilia desta festa, faz considerações pertinentes de que destaco duas: Como Maria, a Igreja é mãe se faz brilhar, na relação dos seus membros e no funcionamento das suas instituições, o amor e a ternura; de contrário, converte-se numa associações de beneficência ou numa equipa de futebol; de contrário, “quando é uma Igreja masculina, converte-se tristemente numa igreja de solteirões, incapazes de amor, incapazes de fecundidade”. Que a ternura da mamã se faça sentir entre nós, Igreja de Jesus Cristo, por vontade de Deus e com a força animadora do Espíroto Santo.

Georgino Rocha

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue