ESPERANÇA, EUCARISTIA, MISSÃO 3
Georgino Rocha
A terapia da esperança, fruto da Palavra de Deus
A pedagogia da esperança brilha na atitude de Jesus com os discípulos de Emaús: Faz-se com eles peregrino da aldeia do coração dominado pelo peso da realidade, aproxima-se, sintoniza com o seu passo, dá conta do que falam e mostra o seu interesse, tomando a iniciativa de perguntar: “Que conversais pelo caminho?” E começa um diálogo de libertação interior, uma catequese de iluminação do sucedido, uma nova compreensão da Palavra da Escritura.
“O encontro de Jesus com aqueles dois discípulos parece ser totalmente casual: assemelha-se a uma das numerosas encruzilhadas que se encontram na vida. Os dois discípulos prosseguem pensativos e um desconhecido caminha ao lado deles. É Jesus; mas os seus olhos não são capazes de o reconhecer. E então Jesus começa a sua “terapia da esperança”. O que acontece nesta estrada é uma terapia da esperança. Quem a faz? Jesus”, esclarece o Papa Francisco nas referidas catequeses.
Os discípulos adoptam atitudes marcantes: param, fazem perguntas, dialogam, escutam atentamente, acompanham Jesus na releitura do que aconteceu, revêem critérios, evoluem interiormente “sentindo o coração a arder enquanto nos explicava as Escrituras”, desejam continuar com o peregrino desconhecido, agora amigo, convidam-no com solicitude: “Fica connosco, pois já é tarde e a noite já se aproxima”.
Que maravilha de itinerário interior! Que força persuasiva de uma “catequese” bem feita! Que apelo convite nos é feito para revermos o nosso contacto com a Palavra de Deus, sanadora das feridas da nossa esperança!
Escolhe uma das fases indicadas e partilha-a com quem te acompanha nesta reflexão. Será um enriquecimento para todos/as.
A este propósito, o Papa Bento XVI exorta-nos a encontrar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e faz-nos algumas recomendações, de que se salientam as seguintes:
“Se é verdade que a liturgia constitui o lugar privilegiado para a proclamação, escuta e celebração da Palavra de Deus, é igualmente verdade que este encontro deve ser preparado nos corações dos fiéis e sobretudo por eles aprofundado e assimilado. De facto, a vida cristã caracteriza-se essencialmente pelo encontro com Jesus Cristo que nos chama a segui-Lo. Por isso, o Sínodo dos Bispos afirmou várias vezes a importância da pastoral nas comunidades cristãs como âmbito apropriado onde percorrer um itinerário pessoal e comunitário relativo à Palavra de Deus, de modo que esta esteja verdadeiramente no fundamento da vida espiritual. Juntamente com os Padres sinodais, expresso o vivo desejo de que floresça «uma nova estação de maior amor pela Sagrada Escritura da parte de todos os membros do Povo de Deus, de modo que, a partir da sua leitura orante e fiel no tempo, se aprofunde a ligação com a própria pessoa de Jesus». (A Palavra de Deus, 72).
A esperança renasce no coração dos discípulos e origina novos dinamismos; impele a tomar iniciativas ousadas, a começar pela hospitalidade e pela comensalidade. Que transformação radical! E nós, como estamos a viver o rumo ao congresso eucarístico?