Acabei de ler, com muito proveito e grande satisfação, o livro “O engano das ilusões” de Paolo Scquizzato, editado por Paulinas, no início de 2018. A leitura desperta, desde o início, uma verdadeira paixão: pelo estilo e pelo tema que situa a pessoa humana numa área abrangente de espiritualidade e psicologia.
O autor, possuidor de uma notável experiência de vida, coordena uma equipa de colaboradores que nesta obra fazem um percurso singular. Partem do princípio salutar que, para chegar a Deus, temos de nos conhecermos a nós mesmos, as nossas próprias sombras. Reconhecem que esta aventura exige uma autenticidade honesta, capaz de assumir as máscaras que cobrem o nosso rosto. Confessam que “onde estiver o meu maior problema, aí também está a maior oportunidade de salvação” (A. Grun).
O livro abre com um belo texto intitulado “Em busca de nós mesmos como arte de viver” e pretende responder, como afirma na Introdução, “ao desejo de oferecer um panorama o mais vasto possível, de modo a permitir a cada um fazer algumas reflexões, tendo à sua disposição leituras que partem da dimensão humana para a dimensão espiritual”.
A leitura da obra leva-nos a mergulhar no modo de ser humano, a identificar desvios (vícios que no texto surgem na designação tradicional de pecados capitais) e a procurar compreender o seu conteúdo e a sua repercussão na vida, a re-situar o desejo de felicidade, mediante um caminho de adequada terapia.
A soberba, enquanto porta do “pecado”, deixa ver a afirmação do «eu», do seu valor e, também, as possíveis atitudes narcisistas. De igual modo, a avareza que expressa o desejo de possuir, a todo o custo, tem a componente de ter para ser; a luxúria que, encerra a liberdade negada, realça uma dimensão da sexualidade e da sua possível perversão; a ira, que sendo um “movimento espontâneo da natureza humana” face a estímulos que lhe chegam, manifesta a capacidade de reagir (oxalá que proporcionalmente!) e de encaminhar para o bem a paixão da «breve loucura»; a gula desperta o desejo insaciável do infinito e reclama ajuda para alcançar o equilíbrio, arte difícil; a inveja resulta do modo de olhar o outro e o seu bem, de o desejar para preencher o vazio existencial experimentado como ferida purgante; concentra a atenção no copo que está meio cheio, lamenta o que se foi e não aprecia o que fica; a acédia é bem ilustrada na parábola narrada por Jesus sobre a atitude dos servos a quem o Senhor confia talentos. Um deles, com medo de perder a encomenda, guarda-a com segurança à-espera de a devolver a seu tempo; por isso, não arrisca, nem a faz render, não desenvolve as capacidades que surgiriam com esta sensata ousadia. A acédia pode definir-se “como uma ferida infligida mais à caridade do que à esperança”, e manifesta um desinteresse pelo bem pessoal e dos outros, pela missão que Deus nos confia. É a renúncia à própria felicidade.
“O pecado é um acto de amor que falha o seu alvo, e os sete pecados capitais são a ilusão de poder alcançar a felicidade, até se constatar, mais tarde, que não foram capazes de manter a promessa”. Oxalá que “o leitor possa levar a cabo um sério trabalho sobre si próprio e ser capaz de voltar a viver a felicidade autêntica”. Boa leitura!
O autor, possuidor de uma notável experiência de vida, coordena uma equipa de colaboradores que nesta obra fazem um percurso singular. Partem do princípio salutar que, para chegar a Deus, temos de nos conhecermos a nós mesmos, as nossas próprias sombras. Reconhecem que esta aventura exige uma autenticidade honesta, capaz de assumir as máscaras que cobrem o nosso rosto. Confessam que “onde estiver o meu maior problema, aí também está a maior oportunidade de salvação” (A. Grun).
O livro abre com um belo texto intitulado “Em busca de nós mesmos como arte de viver” e pretende responder, como afirma na Introdução, “ao desejo de oferecer um panorama o mais vasto possível, de modo a permitir a cada um fazer algumas reflexões, tendo à sua disposição leituras que partem da dimensão humana para a dimensão espiritual”.
A leitura da obra leva-nos a mergulhar no modo de ser humano, a identificar desvios (vícios que no texto surgem na designação tradicional de pecados capitais) e a procurar compreender o seu conteúdo e a sua repercussão na vida, a re-situar o desejo de felicidade, mediante um caminho de adequada terapia.
A soberba, enquanto porta do “pecado”, deixa ver a afirmação do «eu», do seu valor e, também, as possíveis atitudes narcisistas. De igual modo, a avareza que expressa o desejo de possuir, a todo o custo, tem a componente de ter para ser; a luxúria que, encerra a liberdade negada, realça uma dimensão da sexualidade e da sua possível perversão; a ira, que sendo um “movimento espontâneo da natureza humana” face a estímulos que lhe chegam, manifesta a capacidade de reagir (oxalá que proporcionalmente!) e de encaminhar para o bem a paixão da «breve loucura»; a gula desperta o desejo insaciável do infinito e reclama ajuda para alcançar o equilíbrio, arte difícil; a inveja resulta do modo de olhar o outro e o seu bem, de o desejar para preencher o vazio existencial experimentado como ferida purgante; concentra a atenção no copo que está meio cheio, lamenta o que se foi e não aprecia o que fica; a acédia é bem ilustrada na parábola narrada por Jesus sobre a atitude dos servos a quem o Senhor confia talentos. Um deles, com medo de perder a encomenda, guarda-a com segurança à-espera de a devolver a seu tempo; por isso, não arrisca, nem a faz render, não desenvolve as capacidades que surgiriam com esta sensata ousadia. A acédia pode definir-se “como uma ferida infligida mais à caridade do que à esperança”, e manifesta um desinteresse pelo bem pessoal e dos outros, pela missão que Deus nos confia. É a renúncia à própria felicidade.
“O pecado é um acto de amor que falha o seu alvo, e os sete pecados capitais são a ilusão de poder alcançar a felicidade, até se constatar, mais tarde, que não foram capazes de manter a promessa”. Oxalá que “o leitor possa levar a cabo um sério trabalho sobre si próprio e ser capaz de voltar a viver a felicidade autêntica”. Boa leitura!