Georgino Rocha
ITINERÁRIO DE ACOMPANHAMENTO -1
Introdução – Este itinerário surge como uma proposta de acção pastoral na urgente missão de acolher, acompanhar, discernir e integrar quem está em segunda união matrimonial ou seja os católicos divorciados e recasados civilmente. Demarcam-se alguns passos que ficam como referência comum de um processo em que cada pessoa envolvida é chamada a fazer o seu percurso singular.
Supõe uma atitude prévia, a de assumir este serviço como missão e este percurso como itinerário de re-iniciação cristã ou de inspiração catecumenal, agora de revisitação do matrimónio realizado. Acertar a possibilidade de um trabalho em conjunto com casais que tenham experiência, sensibilidade e formação cristã. Pode ser útil “A Alegria do Amor (AL), cap. VI, sobretudo nº 217 e seguintes.
1. Identificar quem está na situação de católico divorciado recasado civilmente e manifesta alguma predisposição para conversar sobre o que levou a essa opção.
Os meios a usar podem ser conhecimento pessoal, pedidos de serviços à paróquia, informações de colaboradores paroquiais. (AL 230).
2. Fazer o convite pessoal, indicando a disponibilidade do pároco/padre para acolher e ter um primeiro encontro. Prestar as informações correspondentes às perguntas que surjam.
3. Realizar este encontro, em ambiente simples e familiar, tendo como referência a primeira parte do “exame de consciência”. (AL 300 e Acompanhar, discernir, integrar: Diocese de Aveiro 2017, p. 9 e 10).
4. Progredir em encontros seguintes de modo a completar as indicações deste guia do exame de consciência e atender a novos elementos que surjam.
5. Perspectivar esta meta como uma opção de caminhada: a) pedir o reexame do processo matrimonial pela via simples “Mitis Iudex” (processo canónico breve); b) continuar o discernimento pessoal em ordem aos sacramentos da reconciliação e eucaristia; c) avançar com novos diálogos sobre a beleza do matrimónio no sentido de apreciar o que “está em jogo” (AL, 207), sem esquecer o ritmo acelerado que, normalmente, as pessoas vivem (AL, 230);
6. Neste caso, constituir o grupo de casais que pretendam conhecer melhor o sonho de Deus sobre a realidade matrimonial e o pensamento cristão, a partir dos ensinamentos de Jesus e da mensagem actual da Igreja; acertar os elementos básicos do funcionamento do grupo;
7. Fazer a primeira reunião, prestando um especial cuidado à apresentação dos casais, à clarificação do que se pretende e do modo de fazer as reuniões. Destacar a Exortação do Papa Francisco “A Alegria do Amor” como um bom guia de diálogo/reflexão; pode ser útil dar uma visão simples do conjunto da exortação e integrar as propostas surgidas no itinerário da Exortação, sublinhando sempre a sua flexibilidade; e realçando a presença de casais que se dispõem a fazer connosco este percurso;
8. Seguir nas reuniões seguintes os números dos cap III e IV, tendo em conta nesta fase especial a partilha das vivências dos casais, designadamente as suas interpelações e dúvidas e valorizando os seus testemunhos positivos;
9. Celebrar festivamente os acontecimentos familiares que forem ocorrendo; não será difícil fazer textos acessíveis, e/ou servir-se do Ritual das Bênçãos; atenção especial deve merecer a celebração de “a Igreja é um bem para a família, a família é um bem para a Igreja” (AL 87). A relação da família na sociedade fica para a fase seguinte;
10. Centrar esta fase no cap. IV “O amor no matrimónio” e. sem pressas, sublinhar a riqueza do dom recebido e vivido em cada situação humana. Fomentar a partilha entre os casais e sublinhar, a partir do texto, alguns pontos basilares. Com grande leveza e simplicidade. Quando surgir oportunidade, fazer alguma festa do amor que perdoa, reconcilia e regenera;
11. Encaminhar esta fase para a reafirmação da escolha feita (AL 163 e 164), escolha que pode confirmar-se como a melhor possível para o casal e para a família, atendendo às circunstâncias analisadas. (cf. ENS, A missão do Amor, 2017, p. 33).
NOTA: Continua amanhã neste meu blogue