A data, estabelecida em 1998, visa mostrar as dificuldades, traumas e receios que as pessoas com gaguez enfrentam, diariamente, no ato de comunicação.
De um modo geral, a gaguez é uma perturbação da fluência do discurso em que se verificam bloqueios, repetições e prolongamentos de sons. Estas manifestações podem ser acompanhadas de movimentos faciais e ou corporais.
A pertinência da sua avaliação verifica-se porque a gaguez afeta a comunicação e provoca um profundo sentimento de desconforto ao seu portador, pois quer comunicar e acaba por ser discriminado pelos demais que dele fazem chacota. Em regra, o gago apresenta problemas de isolamento social, de angústia e de um aumento da ansiedade.
É comum que, as pessoas que gaguejam não sejam capazes de assumir o seu problema, pelo que tendem a aparentar uma falsa tranquilidade.
Como estratégia para evitar serem vistos como gagos, costumam fugir às palavras e letras em que gaguejam mais o que compromete o sentido do discurso.
Nesta situação o gago fica com a frustração de não ter dito o que queria ou obriga-se a reformular a conversa passando novamente pelo suplício de falar.
Neste contexto, a gaguez é tida como um problema vital e uma limitação na qualidade de vida do sujeito.
Perante este cenário, estas pessoas precisam de ajuda técnica para aliviarem esse sofrimento. O apoio familiar é fundamental, bem como o do grupo de amigos, na escola e demais atividades em que participa.
Um exemplo clássico de autossuperação, relativamente ao problema, foi Demóstenes (384 a.C. a 322 a.C.) um proeminente orador e político ateniense. A sua oratória constitui uma importante expressão da capacidade intelectual de Atenas e um olhar sobre a política e a cultura da Grécia antiga, durante o século IV AC. Demóstenes aprendeu retórica estudando os discursos dos grandes oradores antigos.
Garoto ainda, Demóstenes assistiu a um julgamento no qual um orador chamado Calístrato teve um desempenho brilhante e, com a sua verve, mudou um veredicto final. Demóstenes ficou impressionado com o poder da palavra, que parecia tudo vencer. Assim, alimentou a esperança de se tornar um grande orador - sonho que parecia impossível devido à sua gaguez. Conta-se que Demóstenes, à força da sua perseverança, ultrapassou o problema declamando poemas enquanto corria na praia contra o vento e forçando-se a falar com pedrinhas na boca.
Do Latim balbutius (=pedra) derivou para português, por via erudita, o verbo balbuciar (gaguejar). Após treino intenso, Demóstenes venceu a gaguez e tornou-se o maior orador da Grécia.
Desta lição de vida, se pode tirar a ilação: querer é poder.
MaDonA
11.10.2017