Leio o semanário EXPRESSO desde o seu primeiro número. Como eu, muitíssimos outros. Daí o facto de ser considerado, desde o início, um jornal de referência, pela qualidade do seu estatuto, onde pontifica a sua independência face aos poderes constituídos, mas também o nível de muitos jornalistas e colaboradores. Porém, o tempo de vida deste semanário não pode evitar certos cansaços de alguns leitores, estando eu convencido de que a conquista de novos públicos se torna difícil, face aos projetos online que nos oferecem a notícia e a reportagem em cima do acontecimento. Aliás, o mesmo faz este semanário.
O EXPRESSO, todavia, tem procurado lutar contra a debandada natural de alguns leitores, que permanecem fiéis ao peso do papel e aos textos jornalísticos que semana a semana o alimentam, tanto nos cadernos principal e da economia como na revista, com reportagens, curiosidades e entrevistas que marcam a atualidade. E para cativar os leitores usa a oferta de coleções de obras que os aconselham a reler autores, muitos dos quais correm o risco de ficar injustamente nas gavetas do esquecimento. Diz-se, não sei com que fundamento, que esta oferta é isco para conquistar novos leitores e para manter os mais velhos como eu. Se é, então a oferta resulta.
No passado fim de semana, o EXPRESSO iniciou a publicação de mais uma coleção — Clássicos de sempre — dedicada a escritores nacionais com lugar cativo nas bibliotecas portuguesas e de um sem-número de compatriotas. São livros que se leem ou relem em poucos dias. Admito que de outra forma eu talvez nem me desse ao trabalho de os procurar nas minhas estantes. E por isso, de mão beijada, sou desafiado a ler o que vai chegando. Foi assim com “Alves & C.ª” de Eça, que li, pela primeira vez, há quase 60, na Biblioteca Municipal do Porto, nos meus tempos de estudante. Outros se seguirão.
Fernando Martins