“IGREJA SINODAL
— A alegria da missão na sociedade secularizada”
“IGREJA SINODAL — A alegria da missão na sociedade secularizada” é o mais recente livro de Georgino Rocha, sacerdote da Diocese de Aveiro. Com chancela de Tempo Novo, a edição contou com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro.
O autor dedica este seu trabalho a D. António Francisco, atual Bispo do Porto, «pelo seu estilo de ser Bispo Pastor no meio do povo», ao Padre Ricardo Lombardi e ao Grupo Promotor do Movimento por um Mundo Melhor, à Órbis, projeto diocesano de animação missionária, e, ainda, ao cinquentenário do Concílio Vaticano II. Curiosamente, ou talvez não, Georgino Rocha evoca a data 24 de maio de 2015, dia da beatificação de Dom Óscar Romero.
Na Apresentação, que tem por subtítulo “O caminho dos Discípulos de Emaús”, o autor sublinha que aqueles discípulos percorreram «um caminho paradigmático para cada pessoa, para as comunidades cristãs e, de certo modo, para a humanidade no seu peregrinar na história». Sendo certo que nos legaram «a rica experiência do encontro e do diálogo», assinalando «o itinerário vivido, a transformação operada, o desencanto vencido, o entusiasmo recuperado e a alegria revigorada por um novo ardor que brota do coração confiante», Georgino Rocha diz que «Jesus reassume a liderança do processo» com a garantia de que estará «sempre connosco» e connosco cooperará «no serviço» que nos confia «com todas as energias e bênçãos».
Depois de outras considerações, pertinentes e bem fundamentadas, o autor evoca o trabalho do II Sínodo da Igreja de Aveiro (1990-1995), agendado por D. António Marcelino, salientado que Jesus foi «o companheiro de viagem e o mestre da leitura dos acontecimentos», mas também enaltece a importância dos «processos de diálogo e discernimento, de funcionamento sadio de grupos e de animação de assembleias, de tomada de opções e de elaboração de decisões», bem patentes no livro que recentemente viu a luz do dia, em jeito de comemoração da entrada em vigor das decisões sinodais, 11 de dezembro de 1995.
No Prefácio, com o subtítulo “A sinodalidade na vida da Igreja”, D. João Lavrador, Bispo Coadjutor de Angra, Açores, evoca «os diversos dinamismos de renovação eclesial despertados pelo Concílio Vaticano II, referindo que os sínodos, «seja dos bispos, seja diocesanos, são dos mais relevantes», porque «traduzem em si mesmos toda a reflexão conciliar expressa nos dois conceitos abrangentes de comunhão e missão». Diz que a «dimensão da comunhão eclesial que se torna manifesta no sínodo está mais presente na mente de Paulo VI» e acrescenta que, no que diz respeito aos sínodos diocesanos, a «renovação introduzida pelo Concílio Vaticano II é mais abrangente», porque parte da noção de Povo de Deus «do qual todos os batizados são membros ativos», exigindo-se a «integração dos fiéis leigos, religiosos e consagrados na sua composição».
Entre outros assuntos pertinentes, D. João Lavrador afirma que, passados 50 anos do Concílio, «é urgente dar passos decisivos para que tanto na reflexão como na ação, na participação eclesial e nas decisões, todos tenham lugar segundo o que a cada um diz respeito, salvaguardando sempre a comunhão e a unidade».
Referindo-se a Georgino Rocha, o Bispo Coadjutor de Angra adianta que o autor nos oferece «mais uma obra na qual nos convida a descobrir os dinamismos sinodais na missão da Igreja», em especial «na prática concreta do II Sínodo da Diocese de Aveiro». E citou o autor para sublinhar que durante o II Sínodo da Igreja aveirense houve «um itinerário cheio de interesse pastoral percorrido por numerosa porção do Povo de Deus, organizado em grupos e assembleias e animado por muitos leigos e religiosos e pela maioria do presbitério e do corto diaconal».
Ao longo de 11 capítulos, enriquecidos por textos normalmente curtos, porém elucidativos, são abordadas inúmeras questões por onde perpassam temas como religiosidade flutuante, comunhão orgânica e dinâmica, corresponsabilidade na missão, espiritualidade diocesana, Igreja sinodal com experiências e desafios, assembleia sinodal com a sua dinâmica e articulação e, ainda, Sínodo de Aveiro como caminho de renovação, entre outros títulos próprios de uma Igreja aberta ao futuro.
Fernando Martins