Crónica de Maria Donzília Almeida
Para o ano, há mais
Nos dias 11, 12, 13 e 14, decorrem os grandiosos festejos em honra da padroeira desta simpática e luminosa vila da Gafanha da Encarnação.
Desde os meus verdes anos de menina e moça, que a expressão “A Nossa Festa” soava como algo de mágico aos meus ouvidos. Era o quebrar da rotina, uma pausa nas lides do campo e a antevisão de alguns momentos de agradável convívio e diversão.
A Festa tinha um significado alargado que transcendia a comemoração do dia da padroeira, era uma efeméride para a população desta localidade que até atraia forasteiros.
Nos tempos remotos, era um fator de socialização que levava as raparigas casadoiras (!?) ao arraial, num desfile de toiletes, cada qual a mais vistosa e apelativa. Arranjavam-se namoricos e alguns até davam casamento. Os elementos das bandas de música que abrilhantavam a festa, chamados de “músicos” eram um alvo muito cobiçado. A magia da música presente em todas as manifestações culturais.
Mordomas |
Esta festa de cariz popular envolve um misto de religioso e profano que andam sempre de mão dada.
A vertente religiosa, muito apreciada pelos mais velhos, os meus pais eram disso bom exemplo, consta de uma missa solene cantada, com o suporte musical de uma banda filarmónica que lhe confere uma certa grandiosidade. Ainda no domingo, a procissão incorpora entidades e grupos de jovens, como os escuteiros, as crianças da comunhão solene, a banda de música, a mordomia, os andores transportados ao ombro por robustos mancebos, etc. A banda filarmónica marca o ritmo e o compasso, enobrecendo esta manifestação de religiosidade popular, que teima em manter a tradição e perdurar no tempo. A procissão é um ponto alto da festa e todos os moradores das casas por onde passa, se afadigam a atapetar a rua de junco, numa perpetuação da tradição popular. Algumas senhoras mais briosas colocam ainda, sobre o junco, flores de cores vivas e manjericão, que ao ser pisado, exala um perfume adocicado. A nossa Gafanha tem gente laboriosa e empenhada.
No aspeto profano e para satisfazer os anseios das camadas mais jovens, há uma panóplia de atrações: carrinhos de choque, cadeiras voadoras, mini pista para crianças, etc.
Filarmónica |
Uma série de tendinhas estrategicamente colocadas nas laterais da rua principal que dá acesso à nossa igreja, exibem produtos variados: os bolos típicos da festa, bolos de clara, cavacas, suspiros e mais algumas variedades que vão entrando no circuito comercial. Barraquinhas de comes e bebes não faltam para satisfazer as necessidades do estômago, que a festa traz muito desgaste! Bugigangas e quinquilharias de toda a espécie também têm aqui lugar e fazem as delícias das crianças.
Em plena procissão |
O fogo de artifício vai lembrando aos Gafanhenses, que toda a vila está em festa, quando se ouve o estralejar de um foguete. Quando era miúda e os ouvia, ficava logo com o coração aos saltos e uma enorme vontade de me escapulir para o arraial.
A atuação de vários artistas e bandas vai de encontro aos gostos da juventude sonhadora. A presença do Emanuel, esta noite, vai levar as emoções ao rubro, especialmente dos seus fãs, que se calcula sejam muitos. Dir-se-ia que a festa vai fechar com chave de ouro.
Para o ano, há mais!