lançaram há semanas
o CD "O Menino Gaivota"
Celso Simões, Nuno Filipe, Nelson Silva e Fernando Martins |
Os Maresia animaram o momento musical no lançamento do livro “É MESMO UM BOA NOVA” do padre Pedro José, na sexta-feira, 17 de outubro, no salão Mãe do Redentor, na Gafanha da Nazaré. Esta é a razão por que conversámos, em antecipação, com alguns membros do grupo que nasceu há 14 anos, no seio das atividades escutistas. Celso Simões, Nelson Silva e Nuno Filipe, amigos e com a paixão pela música, cedo se identificaram com um eventual projeto de criar um grupo. «Foi no ROVER 2001, uma atividade para caminheiros, de âmbito nacional, em S. Pedro do Sul, que começámos a pensar que seria interessante constituir um conjunto musical para escuteiros, assente na mensagem escutista, embora não houvesse nem há música propriamente escutista», sublinharam. No fundo, os seus objetivos apostavam em «tocar nos acampamentos e festas».
Sublinha o Nuno que a participação nos acampamentos, encontros e festas, tocando guitarra e cantando, «era uma forma agradável de conviver e de partilhar», ao mesmo tempo que se cultivavam amizades. E esclarece: «No Fogo do Conselho há sempre música que anima e transmite mensagens, de mistura com alguma melancolia; nessa altura, não havia muita gente que tocasse guitarra, violino, flautas e outros instrumentos.»
Celso, Nuno e Nelson Silva |
Adianta o Celso que «até na brincadeira não tocávamos só músicas escutistas, mas também músicas do quotidiano, música popular portuguesa e ainda fazíamos versões engraçadas, enquanto ligávamos letras nossas a melodias conhecidas de outros artistas». Sublinha que «a Gafanha sempre teve esta potencialidade de cativar gente para a música». E o Nelson afirma que antes da sua geração o agrupamento (588 do CNE) «teve uma grande inclinação para a música».
Ao referir-se ao Daniel Carvalho, o outro membro de os Maresia, mas escuteiro do agrupamento de Santa Joana, o Nelson diz que, a partir da sua entrada no grupo, «começámos a alicerçar as nossas composições em originais nossos, letras e músicas». «Foi aí que surgiram as primeiras músicas para concursos, completamente originais; deixámos de tocar músicas de outros e passámos a apresentar músicas nossas», garantiu.
O Celso complementa dizendo que o Daniel é que faz a base das letras e músicas que depois são trabalhadas por todos, sendo normal que em grupo se ensaiem arranjos», num ambiente de procura de «novas sonoridades». E diz que, «quando percebemos que as nossas músicas eram cantadas por todo o país, veio a necessidade de um suporte físico para as melodias não perderem a sua originalidade». Daí o primeiro CD em 2003, com fundo musical de guitarras e pouco mais, cuja edição foi «completamente suportada pela Junta Regional de Aveiro do CNE [Corpo Nacional de Escutas], através de um projeto. E o Nuno adianta que a Junta de Aveiro «passou a ter um grupo musical, coisa que as outras Juntas não tinham».
Refere o Nelson que foi um lapso de tempo muito grande, para um grupo musical editar um CD, quando está no mercado, «mas nós não estamos no mercado; somos um grupo escutista que faz música um pouco por carolice, porque gostamos de estar juntos, de tocar e de partilhar as nossas canções; porém, temos as nossas vidas profissionais; éramos solteiros e tínhamos todo o tempo do mundo e agora estamos casados e temos filhos, menos o Daniel».
O Nuno afirma que os primeiros cinco anos foram dedicados ao 1.º CD, com músicas para atividades, e no caso do 2.º já foi ao contrário: «Deixámos de dar concertos durante uns anos e estivemos a compor, com novas sonoridades, com bateria e com outra força musical, com outra apetência técnica.» Contudo, ainda acrescentou que «evoluíram muito e que o mais recente CD sai sem ninguém conhecer as músicas que o integram». Lembra o Nelson que a venda dos CD está ligada aos concertos, frisando que «o público-alvo são os escuteiros».
À questão que lhes lançámos sobre a sobrevivência do grupo, o Celso sublinha, de pronto, que só a amizade que os une e o gosto pela música explicam o que se passa com o Maresia, porque «ninguém faz isto por dinheiro, ninguém faz isto por outros interesses». E salienta: «As pessoas às vezes não conseguem perceber como é que nós, para criarmos estas músicas, temos ensaios apenas uma vez por mês, durante duas horas. Se não fosse, realmente, o gosto de criar, puxando uns pelos outros, principalmente quando há concertos, nada seria possível.»
Os nossos entrevistados afiançam que o 2.º CD, com o título “O Menino Gaivota”, é um projeto francamente diferente, com um suporte musical muito mais diversificado, no qual participou o Hélio Neves, baterista, que é, presentemente, «como se fosse um de nós», afirmam. Há temas mais próximos do 1.º CD, que tinham «um estilo mais acústico, com menos acordes e menos instrumental», não faltando no 2.º músicas mais ligeiras, «como se ouvem na rádio», e mais clássica, com bateria, baixo e pop.
Sobre as suas referências nesta área artística, realçam que cada um tem as suas, mas nota-se que há algumas convergências à volta de Mafalda Veiga, Jorge Palma, Quinta do Bill, sentindo-se influências do Jazz, música irlandesa, pop e clássica. Esta última é justificada pela formação que receberam. O Celso iniciou a aprendizagem nas Irmãs de Maria de Schoenstatt e o Nuno, o Nelson e o Daniel frequentaram o Conservatório.
Fernando Martins