quinta-feira, 2 de outubro de 2014

GÉMEOS

Crónica de Maria Donzília Almeida



Sempre que me cruzo, em qualquer lugar, com gémeos, assoma à minha mente, a imagem de uma linha de produção de uma qualquer unidade industrial – o fabrico em série!
A duplicação da vida sempre constitui, para mim, um mistério e algo de muito enternecedor. 
Dá-se o milagre da vida quando o espermatozóide encontra um óvulo pronto a ser fertilizado. É ainda mais extraordinário, quando em vez de um, são fertilizados dois ou mais óvulos maduros ou quando o óvulo fertilizado se divide para dar origem a mais do que um bebé. 

A ligação entre gémeos é muito forte e estabelecem padrões de comportamento e uma relação emocional entre si desde que partilham o mesmo espaço no ventre materno. Laços e identidade comuns que se manterão para toda a vida. 
Assim, temos gémeos verdadeiros ou monozigóticos quando um espermatozóide fecunda 1 óvulo que depois se divide em dois, duplicando-se e dando origem a 2 óvulos separados mas idênticos. 
Os bebés desenvolvem-se a partir de duas metades do mesmo óvulo, por isso a informação genética é a mesma e serão do mesmo sexo. Os irmãos partilham a placenta mas cada um está no seu próprio saco amniótico. 

No caso de gémeos falsos ou fraternos, dois espermatozóides diferentes fecundam 2 óvulos distintos que amadureceram ao mesmo tempo. 
Muita literatura se tem produzido sobre os gémeos, se devem ser vestidos de igual, pelas mães, se devem frequentar a mesma classe, se sentem os dois a mesma coisa, etc, etc
É um tema fascinante e um desafio para um professor que os tem na sala de aula.
Ao longo da minha carreira docente, tenho sido contemplada com esta bênção da natureza, mas devo confessar que, às vezes, me provocavam algum embaraço, sobretudo quando me apareciam duas crianças, absolutamente iguais. Isto aconteceu-me em várias escolas e lembro-me de algumas situações engraçadas, dignas de registo.

Na Escola Preparatória de Vila Nova de Famalicão, tive em 1979, um caso singular de gémeas falsas: eram totalmente diferentes e ficavam sentadas lado a lado na carteira de dois lugares. Uma era loura de olhos azuis, outra morena de olhos castanhos pelo que não havia qualquer problema em distingui-las. Contudo.......tinham algo de muito semelhante – o nome! Uma chamava-se Maria Celeste, a outra Celeste Maria!!! A única questão era identificar a aluna pelo first name, ou pelo surname! Passei a associar a Celeste Maria, lourinha de olhos azuis com o azul celeste de um céu primaveril.
Uma década depois tive na Escola Preparatória da Maia, dois gémeos verdadeiros, filhos da colega de Educação Musical. Eram dois rapazinhos bem espigados que a mãe me referiu serem bons traquinas! Nada difícil de gerir, com um senão: o Filipe e o João eram exatamente iguais! Como distingui-los? Coloquei o João na primeira fila e o Filipe no fundo da sala, para não haver confusões. Eram demasiado puros, para alguma vez me terem ludibriado, trocando as posições.
Enfim, foi sempre uma experiência engraçada e que me permitiu ir conhecendo a psicologia dos gémeos.

Na Gafanha, um terreno fértil para a multiplicação da vida em todos os níveis, também fui contemplada com a aparição de gémeos. Logo no início da abertura da escola, apareceram-me, numa turma, dois gémeos lusodescendentes que fazendo jus, à sua origem, tinham os nomes de Alírio e Patrick. Eram muito parecidos mas um pequeno sinal ou particularidade ajudou-me na tarefa da sua identificação.
Recentemente, integraram uma turma duas garotinhas que qualquer pessoa diria serem a réplica uma da outra. O pormenor dos óculos que ambas usavam levou-me a distinguir as duas meninas. Passei a associar a cor lilás das hastes... à Lara. Os óculos da Ema tinham outra cor. Era essa a forma de as distinguir, mas... se aquelas coisinhas fofas se lembrassem, um dia, de trocar os óculos? Lá se perdia a base de sustentação da minha mnemónica!
A ingenuidade, a candura a ausência de malícia jogaram a meu favor e acho que nunca lhes passou pela cabeça essa peripécia. Vantagem de lidar com uma idade, ainda cheia de pureza. O tempo lá fará os seus estragos, mas desfrutemos do presente enquanto dura.


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