É preciso acreditar inteiramente
nos
nossos próprios sonhos
Não é todos os dias que nos chega a notícia de uma atleta da nossa terra que salta para a alta-roda do desporto, precisamente nos EUA. Pois foi isso o que aconteceu, há umas semanas, quando nos alertaram para o facto de uma jovem gafanhoa, Joana Soeiro, ter ingressado numa universidade americana para estudar gestão e jogar basquetebol, nos campeonatos universitários.
Na entrevista que nos concedeu, para além de se mostrar realista quanto ao futuro, a nossa conterrânea sublinhou, com sentido de oportunidade, que «Sonhar todos sonham, fazer acontecer é mesmo só para quem acredita inteiramente nos seus próprios sonhos». Daqui lhe enviamos os nossos votos dos melhores êxitos pessoais, académicos e desportivos. Entrevista conduzida, via e-mail, por Fernando Martins.
Como surgiu em ti o gosto pelo desporto, em especial pelo basquetebol?
Comecei a gostar do basquetebol porque o meu irmão se inscreveu para jogar pelo Gafanha e eu como quis seguir as pegadas dele em tudo o que fazia, pedi à minha mãe para jogar basquetebol também.
Como foi o teu percurso de atleta até à tua partida para os EUA?
Felizmente, recordo muito mais os momentos positivos do que os negativos. O meu primeiro título, inesquecível, foi o campeonato distrital contra a ADSanjoanense, ao serviço do Gafanha, há anos atrás; depois, a integração nos CNTs (Centros Nacionais de Treino; um deles no Colégio de Calvão) e consequentes convocatórias à seleção nacional. A estes, junto as subidas e manutenções na divisão A nos campeonatos da Europa (três medalhas de bronze) e, claro, a minha primeira época na Liga Feminina, onde adquiri, a favor do Algés, todos os títulos possíveis à exceção da taça da federação.
Começaste, ao que suponho, no GDG. Foi neste clube que sonhaste chegar ao mais alto possível?
Sim. Tive a sorte de passar pelas mãos de grandes treinadores, incluindo os meus dois anos de centro de treino. Juntando isto ao empenho e dedicação, treino após treino, o sucesso foi chegando e a vontade de ir mais longe também.
E depois o que é que aconteceu?
Depois de sonhar, trabalhei a fim de concretizar esses sonhos: Dar o salto para o nível profissional (Liga) e mais tarde competir nos campeonatos universitários dos EUA.
Como surgiu a ideia de ingressar na equipa de uma universidade americana? O que é que estudas nessa Escola Superior?
De há dois/três anos para o presente, tenho vindo a ser contactada por várias universidades americanas recebendo diversos convites, com direito a bolsa, o que eles chamam "scholarship". Por vários motivos, a universidade onde estou foi a melhor opção. Aqui estudo Gestão e a equipa a que pertenço é a equipa da universidade.
Na vida, é teu desejo continuares envolvida no desporto ou pensas exercer outra profissão, ligada ou não ao basquetebol?
Claro que sim, o basquetebol é a minha paixão, contudo, é humanamente impossível jogar basquetebol uma vida inteira e é por isso que a área da gestão é o meu plano B.
Há quanto tempo estás nos EUA? Como tem sido ou está a ser a tua adaptação ao mundo americano?
Já se vão completar duas semanas e por aqui tudo tem uma dimensão inimaginável em relação a Portugal. Tenho perfeita noção de que a faculdade onde estou não é a melhor universidade americana da atualidade e mesmo assim as condições são excelentes, bem como a cultura americana. Pelo que ouço falar, o estado de Indiana é conhecido por ser de todos o mais hospitaleiro e simpático.
Que diferenças há entre a vida e o desporto americanos e a vida e o desporto no nosso país?
Infelizmente para uns e felizmente para outros, o futebol esmaga completamente uma modalidade tão completa e interessante como é o basquetebol. Aqui, cada modalidade tem o seu valor e, ao contrário do que se passa no nosso país, não é preciso grandes feitos para se ver uma arena cheia de adeptos de basquetebol. Basta haver uma bola, duas tabelas e cinco jogadores de cada lado para se desfrutar e passar um excelente momento. São mentalidades completamente diferentes, não umas melhores que as outras mas sim maneiras distintas de ver o desporto e a vida.
Gostarias de continuar ligada ao desporto na América? Ou tencionas regressar a Portugal quando as saudades apertarem?
É lógico que nos EUA o nível do basquetebol é de outro mundo. Tenciono, por isso, atingir a linha máxima chamada WNBA, mas estou ciente do trabalho que tenho pela frente. Contudo, também se encontra bom basquete espalhado pela Europa e não é uma carta fora do baralho de todo.
Quanto às saudades, quem quer seguir este caminho tem que ser muito mais forte que elas, pois se fosse para voltar para o meu país pelas saudades que já apertam, nem sequer tinha vindo.
Que conselhos darias aos jovens para apostarem no desporto de alta competição e em especial no basquetebol? Diz algo sobre os benefícios do desporto a nível da formação integral das pessoas…
Falando por experiência própria, o desporto (especialmente o coletivo), ensina-nos coisas que ficam para a vida como, por exemplo, a entreajuda, a recompensa que vem no fim do trabalho árduo, o poder de liderança e de ser liderado, saber ouvir e ter opinião sobre algo, etc. Sonhar todos sonham, fazer acontecer é mesmo só para quem acredita inteiramente nos seus próprios sonhos.
NOTA: As fotos são da página da Joana no Facebook.
NOTA: As fotos são da página da Joana no Facebook.