Um novo livro
de Maria Teresa Filipe Reigota
Quatro anos depois de publicar “Gafanha… o que ainda vi, ouvi e recordo”, Maria Teresa Filipe Reigota oferece aos interessados pela história gafanhoa, e não só, um novo trabalho, que batizou com o nome de “Gafanha… Retalhos do passado”, com edição do Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo e apoio da Câmara Municipal de Ílhavo e da Junta de Freguesia de São Salvador. Uma ajuda especial veio de seu marido, João Fernando Moço Reigota, fundador e presidente da direção daquele Rancho, a quem a autora dedica esta obra.
Teresa Reigota, para além das tarefas profissionais, como professora do Ensino Básico, fez parte do grupo fundador do Rancho Regional liderado por seu marido, mas a sua veia de estudiosa tem-se afirmado no âmbito da investigação e recolha das tradições etnofolclóricas, aproveitando uma faceta que muito aprecio, qual é a de reter na mala das recordações retalhos do passado que merecem ser contados, fundamentalmente com sentido pedagógico. Não é por acaso que se garante que o presente se alicerça na vida e no pensar dos nossos avós, sendo certo que o futuro sem memória pode correr o risco de perder o norte.
Talvez por isso, a autora lembra, citando o seu primeiro livro, anteriormente indicado, que os seus pais a educaram «no respeito pelo Povo simples», incutindo nela «o amor à Terra» onde nasceu, a Gafanha. Diz depois que, nas suas pesquisas, «junto de pessoas idosas, mas idóneas», ainda conseguiu «algumas informações mais», além das recordações que tem resguardadas, decerto com muito carinho, na arca de agradáveis saberes.
«Num ou noutro baú, nas gavetas das velhas cómodas, encontrei alguns documentos que elucidam sobre o passado e dão resposta a tantas perguntas que se fazem sobre o mesmo. Encontrei também fotografias antigas, algumas até um bocadinho deterioradas pelo tempo, mas que são autênticas relíquias e inequívocos documentos da vivência de antanho que, afinal, não está tão distante no tempo como pode parecer.» Com este preâmbulo, encetei a leitura do trabalho da Teresa Reigota que se distende por dois capítulos: O primeiro com Historial e factos; e o segundo com Tradições, linguagem, recordações. O livro finaliza com um Documentário Fotográfico, onde abundam fotografias iguais a tantas que achamos nas gavetas dos nossos maiores, a preto e branco, naturalmente, alusivas a festas familiares, nomeadamente, casamentos, batizado, procissões e comunhões. Também referentes a trabalho e emigração, entre outras.
Pessoalmente, gostei da evocação de gente que conheci e admirei, que Teresa Reigota classifica, e bem, como “Gente simples, com o coração grande”. Permitam-me que sublinhe, com muito agrado, a referência ao professor Filipe, por quem nutri particular estima, pelo seu testemunho exemplar de professor, cidadão e gafanhão empenhado na valorização da nossa terra e suas gentes.
Contudo, o que mais importa agora, na minha ótica, é ter a certeza de que, qualquer leitor, a partir dos textos diversos da autora, pode trazer até ao presente, sacando da sua própria memória, outras evocações de antigamente, mesmo com a ajuda dos mais idosos com quem possa conviver E não será que outras obras, deste género, poderão brotar nestas Gafanhas?
Fernando Martins