Um livro de António Marcelino,
Bispo Emérito de Aveiro
Com edição das Paulinas, saiu em novembro de 2012 um livro de António Baltasar Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, com o título “Vaticano II ao alcance de todos”. Trata-se de um trabalho pleno de atualidade, ou não estivéssemos em altura de celebrar os 50 anos do concílio Vaticano II, porventura a maior revolução no seio da Igreja Católica no século XX.
Os textos ora publicados neste livro viram a luz do dia nas páginas do semanário diocesano Correio do Vouga e posteriormente em diários, quinzenários e revistas mensais, ocupando também um espaço próprio na Agência Ecclesia. Isto mesmo sabe quem acompanha o Bispo Emérito de Aveiro no que escreve semana após semana, com perfeita atualidade e liberdade de espírito, mas sempre em sintonia com o pensar da Igreja Católica, expressa na palavra autorizada dos que têm ocupado a cadeira de Pedro.
Nos mais diversos temas que tem publicado, nomeadamente, os que se referem ao Vaticano II, o autor recorda, parafraseando Bento XVI, que «os documentos do Concílio Vaticano II são, para o nosso tempo, uma bússola orientadora».
É comumente aceite e dito por muitos e sublinhado por António Marcelino, que a Igreja encontrou diversas dificuldades, com bloqueios na própria Cúria Romana, na hora do anúncio e realização do Concílio, tendo sido necessário o arrojo de «um Papa simples, verdadeiro crente, corajoso, capaz de romper muros, de se deixar conduzir pelo Espírito. E Deus deu-lhe [à Igreja] esse Papa». Também se sabe e sente que ao longo destes 50 anos não faltaram os que, nas hierarquias e no campo laical, tentaram esconder os desafios propostos pelos documentos conciliares.
O Bispo Emérito de Aveiro não ignora essa realidade nos textos que integram este trabalho, mesmo sabendo, ou talvez por isso, que no Povo de Deus há, como sempre houve, quem aceite desafios da renovação necessária, capazes de decisões corajosas, prontos para aceitar que «Só a partir do Alto se pode compreender a Igreja». E adianta o que muitos ainda teimam em olvidar, isto é, que o Vaticano II deu aos batizados o lugar que lhes cabia de direito, sabendo-se, tristemente, que muitos leigos continuam «massa anónima».
Cada texto deste livro é um desafio à reflexão do Povo de Deus: Bispos, Presbíteros, Diáconos e Leigos, homens e mulheres que assumem a vivência testemunhal da Boa Nova. D. António é frontal no que diz, com argumentos que inquietam, numa perspetiva da vivência pessoal, familiar e eclesial. Afirma que a renovação da Igreja é caminhada permanente e atenta às dificuldades e anseios das pessoas, crentes e não crentes. E refere com oportunidade: «Não nos podemos esquecer que acabou o tempo de jogar ou contar com a ignorância dos leigos. Hoje, muitos destes conhecem melhor e estão mais atualizados sobre o Concílio e outras disciplinas teológicas, que muitos clérigos de todas as idades.»
Certos de que a Palavra de Deus é uma descoberta a fazer diariamente, agora que, sublinha o autor, citando Enzo Bianchi, um crente e mestre espiritual, «com o Vaticano II, a hierarquia passou do temor intenso em deixar a Bíblia nas mãos dos fiéis, à viva recomendação do seu valor».
Em resumo, “Vaticano II ao Alcance de Todos” é um trabalho muito digno de ser lido, refletido e partilhado, no sentido da urgente e necessária renovação da Igreja Católica.
“Vaticano II ao alcance de todos”,
de António Baltasar Marcelino,
edição das Paulinas,
novembro de 2012.
Fernando Martins