quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Mistério de um livro Desconhecido





"O Papa Francisco é um profeta que surgiu na Igreja e na sociedade. Não inventa nada. Fiel à mensagem evangélica, dá vida ao que crê e propõe. Os seus gestos são os de Cristo, para uma Igreja que lhe quer ser fiel. Servem também de sinal para uma sociedade descentrada do essencial. Ele mostra, de modo atual e ao vivo, o fundamental esquecido, minimizado, trocado por gostos do tempo, alheios à reflexão e às exigências do bem. Há mais gente a alegrar-se com as suas vaidades do que com a verdade que liberta. Assim na sociedade. Também, na Igreja, no meio do fumo do incenso, se pode esconder o essencial da mensagem, caminho certo na procura do bem. O que provoca o confronto incómodo nas ideias e opções, bem como a vontade de reagir, é o que na vida é essencial. Não é o banal ou o efémero. Pelo essencial reclamam os que querem ser fiéis à verdade e experimentam, cada dia, o vazio e sem horizontes de uma sociedade amorfa."

António Marcelino



Quem se instala na admiração do que lê, ouve e vê, corre o risco de adaptar tudo ao seu gosto pessoal. É preciso ouvir os profetas que têm os pés no chão e o coração a olhar mais longe. Os profetas são sempre incómodos. Pode espreitar-nos o risco de que fala na Bíblia o profeta Isaías. Os incomodados invetivam os profetas, dizendo-lhes: “Não nos reveleis a verdade, dizei-nos coisas agradáveis, profetizai ilusões. Afastai-vos do nosso caminho, desviai-vos da nossa vereda, tirai-nos de cima o olho que nos julga e incomoda…” Hoje, não falta gente a pensar assim.
O Papa Francisco é um profeta que surgiu na Igreja e na sociedade. Não inventa nada. Fiel à mensagem evangélica, dá vida ao que crê e propõe. Os seus gestos são os de Cristo, para uma Igreja que lhe quer ser fiel. Servem também de sinal para uma sociedade descentrada do essencial. Ele mostra, de modo atual e ao vivo, o fundamental esquecido, minimizado, trocado por gostos do tempo, alheios à reflexão e às exigências do bem. Há mais gente a alegrar-se com as suas vaidades do que com a verdade que liberta. Assim na sociedade. Também, na Igreja, no meio do fumo do incenso, se pode esconder o essencial da mensagem, caminho certo na procura do bem. O que provoca o confronto incómodo nas ideias e opções, bem como a vontade de reagir, é o que na vida é essencial. Não é o banal ou o efémero. Pelo essencial reclamam os que querem ser fiéis à verdade e experimentam, cada dia, o vazio e sem horizontes de uma sociedade amorfa.
Vem a propósito da perda do essencial uma história que por aí correu. Numa comunidade cristã apareceu um livro estranho. Ninguém o conhecia nem o entendia. Mandaram-no para Roma, pensando que aí podia ser decifrado. Depois, seria queimado ou divulgado. Em Roma, a mesma incapacidade. Ninguém sabia dizer nada de tão misterioso livro. Foi levado ao Santo Ofício, o santuário da ortodoxia. Havia aí uma máquina que podia fazer luz. Momento solene. O cardeal ligou a máquina numa tabela alta e exigente. Colocado o livro, a máquina rebentou… Cresceu a admiração de todos. Foi, então, que apareceu um frade velhinho, anónimo e desconhecido. Ao saber o que se passava, pediu para ver o livro. Pegou nele e exclamou com naturalidade: “É uma Bíblia!” Será que em terra de papas e de cristãos tradicionais, a Bíblia, livro fundamental da Igreja e dos crentes, já não era conhecido? Hoje não faltam bíblias…
Uma renovação com futuro implica a cuidada revisão de vida dos crentes e dos não crentes que procuram luz. É a conversão. Exige uma mudança de mentalidade, de valores e de critérios que orientem a vida. Sem ela, é impossível a reforma de cada um, da sociedade e da Igreja. A tradição criou repetidores, não inovadores. É mais fácil organizar eventos vistosos e repetir o de sempre com adereços de novidade, que inovar a partir de fidelidade ao essencial. Há que refletir mais sobre a realidade e a verdade.
Para os crentes, Deus Pai é o essencial a repor e a propor à Igreja e ao mundo. Muitos O esquecem ou O julgam inútil e alheio aos problemas das pessoas. É a chaga do indiferentismo. Ninguém mais próximo que esse Deus esquecido ou rejeitado. Cristo, Homem Deus, é a evidência histórica desta presença divina. Os políticos falam demais dos seus interesses partidários. Também a hierarquia da Igreja, por vezes, se esgota a falar mais do sistema clerical do que do Deus que salva. A Nova Evangelização dos pagãos batizados é o grito de alerta a uma Igreja repetitiva, adormecida, descentrada do essencial. Um grito que denuncia as ações de fachada e as novidades ocas. Dizer Deus aos homens e mulheres de hoje e, sobretudo, aos jovens e adultos a responsabilizar mais na sociedade e na comunidade cristã, ajuda a estabelecer um contacto pessoal com o essencial que gera experiência de vida e compromisso público. O problema de Deus, como tudo o que é essencial, não é parcelar. É total. A luz para uma sociedade que avança e uma Igreja que peregrina, movidas pela vontade de conversão aponta sempre à fidelidade diária ao essencial. Andando pelos caminhos de todos, sem enjoos nem orgulho, sente-se, a cada passo, necessidade de mudar de mentalidade e comportamentos, para viver uma fé que toque a vida toda e tudo da vida.

António Marcelino


- Posted using BlogPress from my iPad

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue