D. Manuel Correia de Bastos Pina
Bispo-Conde de Coimbra |
Na sacristia da igreja matriz da Gafanha da Nazaré está, à vista de quem entra, a fotografia de D. Manuel Correia de Bastos Pina, o Bispo-Conde de Coimbra que em 31 de agosto de 1910 assinou o decreto para a criação da paróquia. Ao tempo, pertencíamos àquela diocese e continuámos a pertencer até à restauração da Diocese de Aveiro, que ocorreu em 11 de dezembro de 1938. É justo, portanto, que se recorde a efeméride da criação da nossa paróquia, homenageando o bispo que deu corpo a um anseio dos nossos antepassados.
D. Manuel Correia de Bastos Pina nasceu a 19 de novembro de 1830, na freguesia de Carregosa, no concelho de Oliveira de Azeméis. Filho de António Correia de Bastos Pina e de Maria Joaquina da Silva, abastados proprietários rurais, foi batizado a 24 do mesmo mês. O pai chegou a desempenhar o cargo de presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis.
A sua família contava vários padres, entre os quais dois irmãos. Depois das primeiras letras, veio para Ílhavo, onde recebeu lições do Dr. José António Pereira Bilhano (viria a ser Arcebispo de Évora) que o preparou nas matérias de retórica e língua francesa.
Educado nos princípios do constitucionalismo, recebeu a ordenação presbiteral em 25 de novembro, com 24 anos de idade. Como Bispo de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina foi «uma das figuras mais marcantes da Igreja em Portugal na segunda metade do século XIX e inícios do século XX», como se sublinha no livro “O Bispo de Coimbra D. Manuel Correia de Bastos Pina”, de A. Jesus Ramos. Faleceu em 1913.
O Bispo-Conde de Coimbra tinha uma natural simpatia por Aveiro. Estudou em Ílhavo, como já se referiu, e mais tarde acompanhou o percurso de D. João Evangelista, com manifestações de estima e proximidade. Dele disse D. João que «era uma figura poderosa de bispo, cheio de prestígio e vida», como se pode ler no livro “Lima Vidal no seu tempo”, de João Gonçalves Gaspar (I Vol, pág. 104).
Noutra passagem da mesma obra, o autor informa: «Muitas vezes esteve em Aveiro o bispo-conde e até se dirigiu aos arciprestes, párocos e clérigos dos concelhos de Aveiro, Ílhavo, Vagos e Mira, escrevendo-lhes uma carta pastoral sobre a Ria que tem a data de 30 de janeiro de 1891; (…) Também pôs à disposição do arcipreste de Aveiro a quantia de duzentos mil réis para ajudar os pescadores mais necessitados a fazerem a substituição das redes de pesca, em obediência ao regulamento oficial.
Não consta que tenha visitado a Gafanha propriamente dita, mas esteve em Ílhavo…
Fernando Martins