terça-feira, 2 de julho de 2013

Chefe Custódia Bola

“Não há escutismo sem religião”



Custódia Caçoilo Bola, professora aposentada do Ensino Básico, é chefe do CNE (Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português) há 35 anos, 25 dos quais ao serviço da 1.ª Secção (Lobitos). Envolveu-se no escutismo em 1978 a convite do Padre Miguel Lencastre, prior da nossa paróquia entre 1973 e 1982, e assume que «o escutismo é para toda a vida, mesmo quando cessa a atividade de dirigente».
A chefe Custódia recorda a equipa dirigente que se preparou para trabalhar com os Lobitos, constituída por si própria, Madalena Matias e Céu Lopes e, ainda, Eunice Bola, que entretanto se mudou para o grupo júnior. Seguiu-se a necessária formação específica para a 1.ª Secção que se estendeu por dois anos, pois no escutismo, a maior organização universal para a infância e juventude, nada se faz de improviso. Baden-Powell, o fundador constante e justamente recordado, sempre defendeu a preparação integral dos jovens através do jogo e da vivência ao ar livre, em contacto com a natureza e no respeito pela pessoa humana, pelos animais e pelos valores alicerçados na fé em Deus, defendidos, no caso do CNE, pelo catolicismo. «Não há escutismo sem religião, seja ela qual for», sublinhou a nossa entrevistada.



Custódia Bola evocou a oficialização do Agrupamento n.º 588 em 29 de julho de 1979, embora antes «um grupo de jovens, liderado por Messias Gandarinho Lopes, já vivesse os ideais escutistas». O novo agrupamento assumiu como patrono D. José de Lencastre, pai do Padre Miguel e primeiro Chefe Nacional do CNE, um exemplo de integridade seguido por várias gerações.
A nossa entrevistada recordou que Baden-Powell começou com rapazes, mas garantiu que o escutismo logo se abriu às raparigas. No CNE todas as atividades têm como princípio a pertença a uma comunidade, sendo obrigatória a frequência da catequese paroquial, referiu a chefe. E acrescentou que esse princípio é logo esclarecido, junto dos pais dos candidatos, no ato da inscrição das crianças e jovens no escutismo.
O progresso dos escuteiros dentro do agrupamento tem regras religiosamente seguidas. Há quatro secções (Lobitos, Exploradores, Pioneiros e Caminheiros), em cada uma das quais os jovens vivem, jogam e trabalham durante quatro anos; ao completarem 22 anos têm de sair, havendo a possibilidade de serem convidados para cargos dirigentes, se houver disponibilidade e capacidade de liderança da parte deles. 
A chefe Custódia Caçoilo Bola falou-nos dos programas seguidos nas quatro secções pelos escuteiros, assentes em áreas interligadas, que envolvem competências físicas, afetivas, espirituais, intelectuais, sociais e de caráter, em que o jogo está presente, como desafio a vencer no dia a dia e em todas as circunstâncias. Nessa perspetiva, a chefe Custódia adiantou que todas as ações exigem formação contínua adequada para os dirigentes, organizada pela Equipa de Formação Regional, periodicamente e com regularidade.
A nossa entrevistada frisou que para qualquer dirigente é indispensável «gosto, amor e disponibilidade consciente para servir», tendo em conta a especificidade e a exigência de cada Secção. Os escuteiros, esclareceu, «precisam de estar permanentemente em atividade», em especial nos acampamentos, onde põem em prática «os princípios, as leis e as aprendizagens desenvolvidas durante os anos escutistas», aceites e assumidos na cerimónia pública e comunitária das «Promessas».
A chefe Custódia sublinhou que o agrupamento da Gafanha da Nazaré, tal como os demais, presta as mais diversas colaborações a nível paroquial, regional e diocesano, o que está à vista de toda a gente. «Sempre prontos para servir» é lema respeitado diariamente, sendo norma a prática de boas ações nas mais variadas circunstâncias. 
O agrupamento n.º 588 do CNE tem presentemente 100 escuteiros e 16 dirigentes, que se reúnem na sede da instituição, por cima do restaurante Porão, e nas dependências da igreja matriz. Uma sede própria, onde todas as secções pudessem estar mais próximas, é sonho que a chefe Custódia gostaria de ver concretizado e que, tanto quanto se sabe, é desejada pelos responsáveis e membros do agrupamento. Ainda referiu o apoio muito expressivo dos assistentes, Padre Francisco Melo, nosso prior, e Padre Pedro José, seu colaborador, na certeza do reconhecimento da importância do CNE na formação integral da pessoa humana.

Fernando Martins

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