quinta-feira, 20 de junho de 2013

Professores



Tempo de desassossego...

«Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados,... grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.»

Paulo Freire


Nos tempos conturbados, em que vivemos, a palavra professor anda nas bocas do mundo, como já há muito tempo não acontecia, neste país de supostos brandos costumes. A classe agita-se, movimenta-se, estrebucha cansada de despotismo e de ser recalcada e ignorada.
Todos sabem ou deveriam saber, pois de um modo ou outro, já conviveram de perto com algum representante da classe, que os professores são um pilar da sociedade, os obreiros dos cidadãos do futuro, dos seus valores da sua formação.
O orçamento destinado à educação, cada vez mais reduzido, não é um gasto supérfluo, como alguns sugerem, mas o grande investimento, no futuro da nação. O nível de desenvolvimento de um país é o resultado direto do investimento feito no seu sistema educativo.


No nosso país, os governantes que estão à frente dos nossos destinos, teimam em reduzir as verbas neste campo, utilizando meios pouco ortodoxos e condizentes com uma política educativa de qualidade.
Na opinião pública as opiniões dividem-se entre os que apoiam incondicionalmente a luta dos professores e aqueles que, apenas, vêem com uma visão míope e distorcida a realidade que tem sido deturpada, intencionalmente pela classe dirigente.
A mobilidade dos professores e a elevação para uma carga horária de 40 horas semanais são tópicos da nossa luta que tem provocado a greve às avaliações e aos exames. A adesão, quase em massa da grande parte dos docentes, tem originado reações contraditórias no grande público e um grande fervor nas discussões. Todos opinam, todos defendem ou condenam pontos de vista, mas só os que estão dentro do cadinho de emoções, sabem verdadeiramente o que padecem e o alcance das suas pretensões.
Sabe quem está dentro do sistema, que lidar com a massa humana, sobretudo numa fase efervescente da vida, não é pêra doce. Quem compara a escola portuguesa hodierna, com a do século passado, só incorre no erro da pura ignorância que por sua vez leva a uma intolerância crassa!
As criancinhas hoje e todos os alunos em geral, numa era de avanço tecnológico acelerado, estão nos antípodas da escola de antanho.
O professor de hoje tem de estar munido de ferramentas múltiplas e de uma capacidade de encaixe gigantesca, para superar todos os desafios que este sistema educativo lhe propõe, quase diariamente.
Incomodamos a sociedade civil, desestabilizamos a paz podre que se vive neste país, mas a mudança é precisa. A mudança é urgente! E termino com o pensamento dum escritor irlandês, Oscar Wilde: “O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação!”

Mª Donzília Almeida

20.06.2013

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