O meu retrato |
Os alunos que participaram no encontro |
Estive hoje na escola da Marinha Velha, onde trabalhei muitos anos. Dela recordo gratas alegrias de muitos alunos, colegas e empregadas.
Quando abri a porta de entrada, os meus olhos fixaram-se em vestígios da minha passagem pelo edifício, e do saco das memórias brotaram gargalhadas, correrias, atropelos, bolas e berlindes, piões e sorrisos. Jogos que já se não usam, brinquedos nascidos da imaginação de crianças traquinas entre outras mais contidas. Ali joguei à bola, saltei à corda e ensaiei o jogo da macaca, com o ringue das meninas que se estatelou no meu boné.
Dirigi os meus olhares para as salas de aula e recordei lições de História, Matemática, Língua Pátria, Ciências, Religião e Moral Católicas. A Biblioteca, uma das minhas paixões, a sala dos Computadores e o recreio trouxeram-me até ao presente vivências inesquecíveis.
Os meninos da ATL quiseram entrevistar-me e ensaiaram as perguntas. E perguntaram pela minha idade e gostos, e admiraram-se dos jogos que citei, e questionaram sobre crianças menos educadas do meu tempo de professor, e quantos alunos tive ao longo da vida, e o que fazia para além da escola, e por aí fora.
Lá fui respondendo ao sabor da maré, satisfazendo curiosidades. Todos se portaram muito bem, respondendo aos meus pedidos: que fizessem silêncio porque eu não podia falar alto, cansado da idade; que não falassem todos ao mesmo tempo, que as próteses auditivas provocavam ecos que me impediam de perceber o que diziam.
Ao identificarem-se, regra que cumpriram quando formulavam perguntas, alguns dos seus apelidos eram-me familiares. E assim se passou uma hora bem cheia. Depois, talvez exaustos de tanta conversa, um ou outro até se deitou no chão. E ofereceram-me, à despedida, o meu retrato… bem desenhado, claro, pela Sofia, com a lista autografada dos presentes…
A professora, denotando uma serenidade muito grande, fruto decerto da experiência e da dedicação, encaminhou os alunos para esta iniciativa muito louvável, proporcionando o convívio de gerações.
Até outro dia, meus bons amigos…
Fernando Martins