A magnífica exposição está ao alcance de todos, na Escola Básica 2.º e 3.º Ciclos da Gafanha da Encarnação. Foi inaugurada ontem, dia 18 de fevereiro, e estará patente, ao público, até ao dia 1 de março. Foi produzida pelo Pavilhão do Conhecimento, baseada na obra
A Física no dia-a-dia
por Rómulo de Carvalho
Pref. de José Mariano Gago
O Programa “O Mundo na Escola”, do Ministério da Educação e Ciência,está a levar a cabo um programa de itinerância de uma versão adaptada desta exposição, em colaboração com o Pavilhão do Conhecimento. A adaptação foi realizada sob a orientação científica dos físicos Pedro Brogueira e Filipe Mendes professores do Instituto Superior Técnico (IST), criando uma versão mais reduzida, “A Física no dia-a-dia, na escola”, especialmente concebida para ser exibida dentro das escolas.
O objetivo da itinerância é possibilitar a visita, à exposição, do maior número de alunos possível, cobrindo grande parte do país e incidindo especialmente nas regiões com menor oferta científica. Está prevista a itinerância da exposição em 28 escolas de Portugal Continental até Maio de 2013. A permanência da exposição em cada local de acolhimento será de 2 semanas.
Surpreendente pela sua simplicidade, a exposição está organizada por divisões de uma casa – quarto, sala, escritório, cozinha e jardim. Utilizando objetos do quotidiano, explicam-se vários princípios básicos da Física Clássica, trazendo uma nova visão do mundo que nos rodeia. As atividades oferecidas utilizam materiais simples, como clipes e pregos, espelhos e relógios, chaleiras e balanças de cozinha, etc.
Como refere Carlos Fiolhais, "Conjunto de prosas extremamente didáticas, feitas a pensar diretamente no cidadão comum, a quem o autor trata carinhosamente por "meu caro amigo". Infelizmente, esses textos não são ainda suficientemente conhecidos, nem mesmo na comunidade dos professores de Física e Química. Merecem sê-lo mais. É extremamente claro e elucidativo o modo como o autor, a propósito dos mais variados objetos e fenómenos do quotidiano, mostra como a Física está omnipresente à nossa volta. A Física não é uma ciência exótica mas a ciência que procura descrever e explicar o mundo em que vivemos.
Para isso é forçado recorrer a experiências. Vejamos o modo coloquial como uma experiência simples, relacionada com a lei de impulsão de Arquimedes, é descrita no segundo volume: "Faça assim. Comece por deitar pouca água no frasco, rolhe-o e ponha-o na água da panela. Tire-o daí, e deite-lhe um pouco mais de água, mas só algumas gotas. Experimente a ver se flutua. Flutua? Deite-lhe mais umas gotas. Foi para o fundo? Tire-lhe um pouco de água. É só uma questão de paciência e de cuidado, como disse. Basta uma gota de água para estragar tudo. (…) Ora aqui tem um submarino. O que o meu amigo fez foi um submarino." Da experiência de cozinha passou-se rapidamente para e, sem se dar por isso, para uma aplicação prática. Da ciência passou-se para a tecnologia.
Mais adiante, no mesmo segundo volume, e a propósito de um brinquedo de soprar, popularmente designado por "língua-de-sogra", Carvalho chama divertidamente a atenção para a necessidade de sustentar todas as afirmações com o saber que só a experiência pode dar. "Parece mesmo uma língua, e como é comprida, lembraram-se de lhe chamar 'língua-de-sogra'. Não sei se a língua das sogras é mais comprida do que a das outras pessoas. Experimente o meu amigo medir uma para ver se é verdade". Feynman, a quem se conhece um humor muito peculiar, não diria melhor do que este nosso autor, a quem o confinamento à língua portuguesa impediu o atempado reconhecimento internacional."
Já tive o privilégio de visitar e experimentar aquilo que nos é sugerido por Rómulo de Carvalho e exclamo:--Que maravilha! Temos, aqui na Gafanha, a possibilidade de experimentar a Física que aprendemos noutros tempos. Recomendo, vivamente, a visita, de alto interesse pedagógico para alunos e toda a população, em geral.
Mª Donzília Almeida
19.02.2013