segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Dia Mundial do Doente: 11 de fevereiro

Evocando o Zé da Rosa! 

O coração e os olhos 
São dois amigos leais. 
Quando o coração está triste 
Logo os olhos dão sinais!
Agente da PSP


É com os olhos marejados, que lembro, este ano, “O Dia Mundial do Doente”, celebrado a 11 de Fevereiro. A data foi instituída em 1992, pelo Papa João Paulo II, que a referiu como “um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade”. É uma data celebrada todos os anos, pela Igreja Católica. 
É evocada, nesta efeméride, a Parábola do Bom Samaritano, que aparece no Novo Testamento, unicamente, em Lucas (0:30-37) 

"Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de salteadores, os quais, após despojá-lo de tudo, espancaram-no, deixando-o moribundo à margem da estrada. 
Por essa altura, descia pelo mesmo caminho, um sacerdote. Vendo-o, passou de largo. 
Logo a seguir descia um levita, cujo procedimento não foi diferente daquele do sacerdote. 
Entretanto, dentro em pouco surge um samaritano que, vendo-o naquele estado deplorável, moveu-se de íntima compaixão e, descendo de sua cavalgadura, levou-o a uma hospedaria, onde continuou a cuidar dele. 
Tendo que partir, no dia seguinte, deu dois dinheiros ao hospedeiro, recomendando-lhe que continuasse a dar-lhe assistência, prontificando-se a pagar, em sua volta, tudo aquilo que excedesse a importância deixada."


Jesus coloca a definição de próximo num contexto mais amplo, para além daquilo que as pessoas geralmente consideravam como tal. 
Cruzamo-nos, todos os dias com pessoas, que embrenhadas nas suas vidas mundanas, tais como o sacerdote e o levita da parábola, nem dão conta do sofrimento do seu próximo. 
Insere-se neste âmbito, o cancro social dos doentes e idosos, que fragilizados pela doença e solidão, definham nas camas dos hospitais, ou em lares mais ou menos reputados, para o acolhimento dos mesmos. Tanto num como noutro lugar, são “depositados” seres humanos, à mercê de profissionais de saúde bem cotados, que tacitamente tranquilizam as consciências dos “depositantes”! 
Vivemos numa sociedade hedonista, em que cada qual olha para o seu umbigo, esteja ele ao fundo da barriga ou no fim-de-semana previamente marcado, sem vislumbrar as necessidades daqueles que nos rodeiam. Às vezes, é até, um elemento da família que precisa de nós, mas que cegamente passamos sem olhar! Tal qual, o sacerdote e o levita que passaram ao lado. Tal como no tempo de Jesus, também nos dias de hoje, abundam aqueles que preocupados em cumprir os rituais religiosos e/ou outros, se esquecem da verdadeira essência do cristianismo – o amor ao próximo! 
Sempre me bati pela ideia de apoiar os nossos velhinhos, progenitores ou não, no seio das famílias, onde poderão usufruir de cuidados de saúde personalizados, que não podem ser dispensados na massificação dos lares! 
Teve a sorte, o Zé da Rosa, na fase final da sua peregrinação na terra, de receber da parte da sua família, o carinho, a atenção, o afeto, que sempre prodigalizou à sua prole. Não foi ele um investidor sábio que pôs a render os talentos que Deus, tão generosamente, depositou em suas mão? Dum bom investimento, só poderão resultar bons dividendos! 
De toda a dedicação prestada pela sua prole, que diligentemente se deslocou de terras longínquas para o apoiar e acarinhar, uma pequena referência ao contributo dado por um desses elementos. 
Nunca, ao longo da vida, me senti vocacionada para o tratamento de doentes, muito menos para algo que se assemelhasse a cuidados médicos ou geriátricos. A simples visão duma seringa, quando me sujeitava à recolha do sangue, para análise, me apavorava! 
És uma menina de Letras! — Gozavam comigo, as colegas, estudantes de medicina, que partilhavam a casa onde me hospedara, em Coimbra. 
Quando o progenitor começou a evidenciar sinais progressivos de decadência física...Ah! Meu Deus! Toda a relutância, em lidar com a precariedade da saúde, toda a fobia que tinha ao sangue, como por milagre, desapareceram! Em cerca de uma semana, fiz uma formação intensiva em cuidados de enfermagem e geriatria e......superei todas as minhas debilidades. Foi nesta altura, que se sentiu a amizade...a união familiar... e o meu querido paizinho, o herói da minha vida, foi tratado como uma pessoa vip.(Very important person) Tudo o que a ciência e a técnica puseram ao alcance humano para minimizarem o sofrimento e a dor dum doente, foi disponibilizado. Ele merecia o melhor! O dinheiro aí, foi um mero aliado que esteve à altura e cumpriu o fim para que deve existir – converter-se em bem-estar! 
Não tenha eu mais nenhuma virtude, mas a gratidão foi a minha grande e a maior herança genética! 
Não foi feito mais que o nosso dever, de filhos, ditaria. No seu final de vida, nesta viagem que terminou após a grande tempestade que se abateu na nossa região, o Zé partiu serenamente, com um raio de luz a iluminar-lhe o rosto. E... será esse feixe de luz, que há-de acompanhar-me, no resto da minha peregrinação, que ainda está por concluir. 
Nunca a minha consciência ficaria apaziguada, se alguma vez, sequer, tivesse perpassado, na minha mente, a recusa à assistência a um velhinho, que precisava de conforto físico e moral. Não está no meu código de conduta! 
Apesar de me considerar uma praticante, da religião católica, moderada, sem fanatismos, ou rituais imbuídos de fanatismo, devo declarar, que fui bastante tocada por algumas parábolas bíblicas que ouvi, na minha meninice. Esta, do bom samaritano, tocou-me nas fímbrias do meu ser e... confesso, agora, que tenho encontrado alguns, ao longo desta atribulada vida.

M.ª Donzília Almeida

11.02.2012 

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue