Dirigentes querem servir ao jeito escutista
A nova direção do Grupo Cáritas da Gafanha da Nazaré foi empossada no dia 17 de janeiro, na reunião do Conselho Económico e Pastoral. Constituída pelo Clã Luís Gomes de Carvalho [Eng. responsável pela abertura da Barra de Aveiro em 3 de Abril se 1808], do Agrupamento n.º 588 do CNE (Corpo Nacional de Escutas) da nossa paróquia, a direção é uma clara aposta na juventude para uma área tão sensível, como é a caridade e a solidariedade social, esperando-se dela uma dinâmica à altura dos desafios impostos pela crise económica e social que o país atravessa, com desempregados e trabalhadores de diferentes setores usufruindo de baixos salários.
João Vilarinho (presidente), Carolina Matos (vise-presidente), Adriana Magueta (tesoureira), Carla Oliveira (secretária) e a chefe Custódia Bola (vogal) estão seriamente empenhados em assumir as tarefas inerentes à Cáritas durante um ano, numa fase de transição, que será, sem sombra de dúvidas, uma experiência enriquecedora para a vida, no dizer do presidente, em entrevista que nos concedeu.
João Vilarinho referiu a dificuldade que há em encontrar jovens para este serviço à comunidade, por questões que se prendem «com os cursos que frequentam e com as profissões em início de carreira». Contudo, adiantou-nos que o grupo responsável pela Cáritas Paroquial não deixará de levar à prática iniciativas ligadas ao atendimento dos mais carecidos, enquanto procurará descobrir quem queira e possa substituí-los.
O presidente do Grupo Cáritas garantiu-nos que as primeiras e fundamentais preocupações se dirigem para o contacto real com as pessoas apoiadas ou a apoiar, graças aos conhecimentos que alguns membros da direção têm da situação, já que antes tinham sido colaboradores. Disse-nos que neste momento estão a ser informados sobre «como se processa o apoio aos agregados familiares, mas também desejam conhecer os bastidores e de onde vêm as ajudas». Ainda estão a registar notas sobre questões burocráticas ligadas à Segurança Social e a outras entidades.
João Vilarinho adiantou que a Cáritas «só apoia quem está referenciado pelos serviços do CLAS (Comissão Local de Ação Social) da Câmara de Ílhavo, que desenvolvem um trabalho em rede, no sentido de evitar duplicação de ajudas às famílias. Contudo, em casos de urgência, a Cáritas Paroquial vai esforçar-se por «agilizar os processos», para que as pessoas não sofram privações que de todo em todo se devem evitar.
O presidente do Grupo informa que a distribuição de géneros se processa nos terceiros sábados de cada mês, havendo sempre a possibilidade de alguns ajustes, permanecendo a «intenção de confirmar por várias formas a veracidade das necessidades». E a propósito das necessidades, frisou que elas se estão a fazer sentir com a crise económica e social que atravessamos. «Gente que tinha uma vida estável e que se vê agora numa situação complicada pelo desemprego, pelos baixíssimos salários e pelo divórcio», garantiu-nos o João Vilarinho.
O papel da Cáritas passa, fundamentalmente, por ajudar pessoas e famílias que estão a passar por grandes dificuldades face à presente crise, mas a organização ainda tem de estar atenta às famílias com situações instáveis por diversas razões, frisou João Vilarinho. E acrescentou: «Não podemos esquecer que a atual direção tem de viver o lema do caminheirismo, que é estar sempre pronto a servir o próximo, desempenhando assim o papel de cristãos, como membros ativos e solidários da nossa comunidade.»
O presidente do Grupo afirmou que o contacto com a realidade «é sempre surpreendente», sobretudo quando se encontram pessoas que passam por nós no dia-a-dia, e que «estão a viver momentos dramáticos». «Quando deparamos com pessoas e famílias assim, é sempre complicado gerir as emoções», sublinhou. Mas também é verdade que nessas alturas sentimos que tudo o que fazemos, quando servimos os que mais precisam, passa por ser um estímulo para que possamos fazer mais e melhor na área da caridade e do social.
O João Vilarinho não descarta a hipótese de o Grupo Cáritas Paroquial contribuir, de mãos dadas com outras instituições, em especial o CLAS, para a promoção das pessoas, através de ações de formação, ao nível das «competências profissionais básicas e do relacionamento interpessoal», para poderem reingressar no mercado do trabalho, com algum êxito.
Além da intervenção em rede com a ação social da autarquia ilhavense, o Grupo Cáritas conta com o apoio do Banco Alimentar, da Segurança Social e da população em geral. «No ano passado, houve a urgência de fazer um peditório a nível paroquial, porque estávamos com escassez de bens, e o nosso povo aderiu muito positivamente, tendo sido possível estabilizar os stokes», disse. E ainda adiantou que importa «à direção dar visibilidade à ação da Cáritas, para haver o retorno necessário».
Fernando Martins