domingo, 2 de dezembro de 2012

Dia 1 de Dezembro

Maria Donzília Almeida



Há quatro séculos atrás, houve um homem de estatura que restituiu a Portugal, a independência perdida, aquando da morte de D. Sebastião. Hoje, volvido todo esse tempo, num país moribundo, a estrebuchar, faminto, não haverá um homem, com... os neurónios no sítio..... que o devolva à sua vilipendiada dignidade?
Hoje, a conversa entre o Zé da Rosa e a sua interlocutora versou a data da restauração da independência e a envolvência histórica que Portugal atravessava.
E, com a memória a fazer jus a uma clarividência e cultura surpreendentes, o Zé discorreu e evocou os vários acontecimentos dessa data.
A morte de D. Sebastião, em 1578, em Alcácer-Quibir, apesar da sucessão do Cardeal D. Henrique -1580, deu origem a uma crise dinástica. Nas Cortes de Tomar de 1580, Filipe II de Espanha é aclamado rei de Portugal, Filipe I de Portugal.
Filipe I e os seus sucessores, Filipe II e Filipe III, não respeitaram o que fora combinado nas Cortes de Tomar.
A interlocutora bebia-lhe as palavras.


Os impostos aumentavam, a população empobrecia, os burgueses ficavam prejudicados nos seus interesses comerciais, a nobreza estava preocupada com a perda dos seus postos e rendimentos. O Império Português era ameaçado por Ingleses e Holandeses e os reis filipinos nada faziam.
A capital do Império passou a ser Madrid e Portugal foi governado como uma Província espanhola. Portugal estava à deriva.
Há uma faixa de pessoas que, ainda hoje, evoca, com nostalgia, a oportunidade perdida, de termos, para sempre, ficado aliados à Espanha. Vantagens? Desvantagens? Só a história o poderia dizer! Uma frente mais poderosa contra a Frau Merkl?
Como é natural, os portugueses daquela época, como os de hoje, viviam descontentes e compreendiam que só uma revolução, bem organizada, lhes poderia trazer a libertação.
Assim, no dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo de 40 bravos portugueses, os chamados Conjurado, dirigiram-se ao Paço da Ribeira, onde estavam a Duquesa de Mântua, regente de Portugal, e o seu Secretário, Miguel de Vasconcelos. A Duquesa foi presa e o traidor morto.
Portugal recuperou a sua Independência, e deixou de pertencer a uma potência estrangeira, sendo D. João IV, Duque de Bragança, aclamado Rei, com o cognome de "O Restaurador".
Para rematar, em beleza, a memória do Zé,  precisa como um documento histórico: sabia de cor a célebre frase que a esposa do futuro rei, D.ª Carlota Joaquina, proferira, para o persuadir a seguir em frente e dirigir os destinos do reino: “Mais vale morrer reinando, que viver servindo!”
 - Por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher! Atirou a interlocutora, triunfante! O oposto nem sempre é verdadeiro... rematou.
Sobre o desaparecimento deste feriado, apesar da magnitude da efeméride, no tempo da maldita crise, ambos evocaram a recente feriado americano.
É curioso verificar como numa jovem nação, com pouco mais de dois séculos de história, comemoraram o Bicentennial em 1976, têm um tão profundo sentido de gratidão, que instituíram um dia, como feriado nacional, o Thanksgiving Day. Foi celebrado, em fins de Novembro, apenas, para agradecer, a Deus, as benesses que têm recebido.
Comparado com os EUA, somos um país pequeno em tudo, até em aspirações!

01.12.2012

1 comentário:

  1. Em relação ao Zé da Rosa, cada conversa é: uma lição de História, Geografia, Aritmética, ou, simplesmente uma lição de vida. É um saber de experiência feito, acumulado ao longo de profícuos 93 anos de idade. Apesar da sua debilidade física, mantém as suas capacidades mentais, intactas, o que dá brilho e interesse à sua conversação. Por isso e tudo o mais é acarinhado pela sua prole, que disputa a sua companhia, na casa de cada um. Até os "Americanos" o quiseram levar consigo,no regresso à terra conhecida, atravessando o Atlântico, para o terem, perto. As dificuldades resultantes da idade avançada, impediram que isso se concretizasse. Todos desejam saúde e o melhor para o seu querido paizinho, avô e bisavô!

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