quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Paulo Agra: O modelismo implica muita paixão

O Modelismo é uma Arte




Paulo Agra, 39 anos, desenhador, é modelista desde a infância. Como qualquer criança de há décadas, habituou-se a construir os seus brinquedos. Os barquinhos surgiram desde cedo na sua imaginação e aos 13 anos sentiu um prazer especial ao fazê-los com os materiais, sem custo, que lhe apareciam a jeito. Daí até hoje, nunca mais parou e atualmente preside à TEAM — Associação de Modelismo, de que foi fundador com cinco amigos que comungam dos mesmos gostos. A Associação, que reúne três dezenas de apaixonados pelo modelismo, congrega várias vertentes: Nautimodelismo, Aeromodelismo, Automodelismo e Ferromodelismo. A maioria dos sócios são mesmo modelistas, mas também há os que, por apreciarem estas artes, se sentem bem na TEAM, apoiando no que podem e sabem. 
A TEAM tem sede num espaço do Mercado Municipal da Gafanha da Nazaré, cedido pela Câmara de Ílhavo, e é lá que os associados se encontram com regularidade para trocar impressões, programar ações, partilhar experiências e organizar atividades. A exposição que esteve patente no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré serviu para difundir o modelismo, o qual é, sem dúvida, uma arte, mas também uma expressão cultural e social relevante, que aquela associação pretende tornar mais conhecida, sobretudo entre os jovens de todas as idades. 
Importa sublinhar que o modelismo implica estudo tão profundo quanto possível, trabalho manual de experiência feito, paixão pelas áreas a abordar e muitas horas de labor persistente e meticuloso. A maior parte dos modelos que apreciámos na exposição, elucidou-nos Paulo Agra, «foram feitos à escala e envolveram os modelistas durante horas sem conta», sobressaindo «embarcações de diversas épocas, desde os séculos dos descobrimentos portugueses até aos nossos dias». 
Os fundadores da TEAM — Associação de Modelismo (Truques e Engenhocas Associação de Modelismo), que assumiram a sua organização e dinamização, são, para além de Paulo Agra, José Ribau, Alexandre Ramos, Joaquim Gomes, Sérgio Pata e Manuel Santos. Este último faleceu há um ano. Meia dúzia apenas, mas com vontade de pôr de pé uma estrutura que pudesse tornar mais conhecidos muitos modelistas que vivem, embora apaixonadamente, um pouco fechados sobre o seu mundo. 



A TEAM não é uma associação aberta simplesmente a homens, como o nome dos fundadores poderá fazer crer. Tem, por isso, as portas franqueadas a mulheres, havendo presentemente duas. A própria mulher do Paulo Agra é a secretária da associação e dedica-se ao artesanato. O nosso entrevistado aproveita para esclarecer que, na sua conceção, o modelismo é puro artesanato. Nesse pressuposto, adianta que seria muito bom que os artesãos da nossa região se inscrevessem na TEAM, não só para participarem nas exposições, mas ainda para partilharem saberes e para colaborarem em oficinas que a instituição organiza para alunos das escolas e grupos de jovens. 
Paulo Agra frisou que predomina o Nautimodelismo, fundamentalmente, por vivermos numa terra de marinheiros e de construtores navais, com destaque para os Mónicas, entre outros. 
O nosso entrevistado recordou que muitos pescadores e marinheiros construíam, durante as viagens e nas horas de folga, modelos dos próprios navios em que andavam embarcados. O Paulo, contudo, numa andou embarcado, mas salienta que o seu avô paterno e o seu pai foram pescadores do bacalhau da pesca à linha, nos dóris, passando depois para os arrastões. Por sua vez, o avô materno foi carpinteiro naval e trabalhou nos Estaleiros do Mestre Mónica. «Eu nunca andei ao mar, nunca vi um lugre bacalhoeiro, só em fotografias, nas quais me baseio para construir os meus modelos; também faço muitas pesquisas», disse. 
O Paulo já fez dois lugres, para além de muitas outras embarcações. Em 2008 construiu por encomenda o célebre “Maria da Glória”, afundado durante a II Guerra Mundial por um submarino [5 de junho de 1942], tendo morrido muita gente; contudo, as suas construções são feitas por puro prazer. Para a construção do “Maria da Glória” apoiou-se em fotografias, em escritos, relatos de marítimos e outra informação fornecida pelo Museu de Ílhavo. 
Reconheceu que há muita carência de projetos e outra documentação sobre navios mais antigos, pelo que muitos modelos nascem de fotografias, ilustrações, reportagem publicadas em jornais e outros escritos que fazem parte da investigação indispensável. Os modelos dos verdadeiros modelistas são feitos à escala, com a precisão possível e desejável. 
O “Maria da Glória” foi feito em tempo recorde, em apenas três meses, «trabalhando dia e noite». «Foi necessário muita investigação porque deste lugre não havia qualquer projeto», esclareceu o nosso entrevistado. Hoje, aquele modelo é pertença do Museu de Ílhavo. 
Os modelistas, à partida, constroem pelo gosto de construir e pelo prazer de poderem apreciar o seu trabalho a toda a hora. O Paulo apenas construiu dois lugres, o referido “Maria da Glória” e o “Brites”, entre muitas e diversas embarcações, nomeadamente, o Bote Baleeiro e uma Caravela do século XV. Também faz barcos em garrafas, cuja técnica «aprendeu sozinho»; é um trabalho que «requer muita paciência e mão firme»; começou como brincadeira, porque «gostava de ver os barcos dentro das garrafas». Nesta forma de modelismo, inspirou-se na técnica dos franceses que «têm trabalhos espetaculares, que nada têm a ver com o que se faz em Portugal; os franceses estão num outro patamar, muito acima de nós», adiantou. 
Além das exposições, a TEAM organiza oficinas entre os associados. Já tentaram abrir essas iniciativas a outras pessoas, mas não houve recetividade. Porém, a associação já foi a uma escola e, recentemente, esteve numa feira, “ExpoTrakinas”, que se realizou em Aveiro. 
Para além do modelismo, que exige a construção propriamente dita, peça a peça, há também o colecionismo de modelos e a montagem de Kits, que não deixam de ter a sua importância, se feitos com rigor e estudo, evitando, naturalmente, um amontoado de coisas idênticas ou da mesma espécie. 

Fernando Martins

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