BORIS: O melhor Amigo
Algures, num local pitoresco, junto à Ria de Aveiro, deu à costa um cachorrinho bebé. Vinha num alcofa flutuante, embrulhado num fofinho cobertor. Ao lado, vinha um bilhete, que dizia: “Tratem bem do meu filho, já tive muitas ninhadas e não tenho possibilidades de criar mais este!”
Era dois palminhos de cão (ou de gente?), que caminhava ao ritmo daquela mão, que no anúncio da TV, percorria as páginas amarelas! “Vá pelos seus dedos!” ou “Vá pelas suas patinhas!”
De facto, com as medidas sociais, praticadas neste país, de apoio à maternidade e à primeira infância, não admira que as mães cadelas se vejam obrigadas a rejeitar os seus filhos. É uma dor de alma, ver essas matilhas de cães abandonados, a pulular pelas nossas ruas. Bem me apetecia, às vezes, recolhê-los e dar-lhes um pratinho de sopa. Mas a minha casa não tem condições p’ra ser canil, pelo que não pode albergar tantos foragidos da sorte. Ainda dizem que os homeless, só existem nas grandes capitais!
— Senhores políticos, quando fizerem presidências abertas, quando se deslocarem por esse país, p’ra fazerem uma inauguração, ou por qualquer outro evento, por favor, olhem para a realidade circundante. Tenham dó destas pobres criaturas, que, descalças, despojadas de roupa, sem sequer possuírem um chapéu para os proteger da canícula, ou de um guarda-chuva, vagueiam por ruas largas, ou ruelas tortuosas, sem nenhuma protecção das autoridades.
Quantas vezes, se nos depara, nas ruas das nossas cidades, vilas e aldeias, este espectáculo desolador: os cãezinhos incautos, abalroados por condutores distraídos! Vejam só! Nunca vi nenhuma ambulância do INEM acorrer ao local do acidente, socorrer um cãozinho. Que injustiça! Já vi acontecer isso com os humanos e, mal se apercebem do mais leve sinal de...
Da biografia do Boris