À espera de Nossa Senhora dos Navegantes
Mesmo sem ter o dom de escolher o ângulo certo e o momento exato para registar pessoas, rostos, paisagens, ambientes e eventos em fotografias que possam ficar para a história, pela qualidade e oportunidade, não deixo de ser um amador, que nunca desiste. Um dia, que não sei quando nem onde, hei de saber tirar fotografias que mereçam ser apreciadas.
Sou do tempo dos caixotes, das máquinas de foles, enfim, das Kodaks, nome genérico como ficaram conhecidas as primeiras máquinas fotográficas, em homenagem às que surgiram com essa marca comercial. Tiradas as fotos, lá íamos com o rolo para a revelação. Como jornalista, tinha de fazer isso regularmente, para depois selecionar as que interessavam. Mas hoje nem vale a pena explicar todas as operações necessárias à impressão das fotografias nos jornais.
Não era tarefa fácil repetir estas operações semanalmente. Gastava-se imenso tempo e bastante dinheiro, para no fundo escolhermos uma ou duas de um rolo inteiro, embora umas tantas pudessem ser aproveitadas em futuras publicações.
Posteriormente, num tempo de muitos conhecido, a fotografia democratizou-se com os computadores e com as máquinas digitais. O fotógrafo e o jornalista podem fotografar à vontade, escolhendo a seguir a foto mais esclarecedora ou mais expressiva, sendo garantido que uma boa imagem vale por mil palavras.
Com a democratização da arte fotográfica, fica ao alcance de todos registar tudo e mais alguma coisa, fazer experiências, utilizar funções para diversos gostos, escolher cenários, optar por temas, enfim, cultivar o gosto pelo belo e tentar a originalidade a cada momento.
A fotografia, como expressão artística, está a criar espaços, a conquistar apaixonados e a mostrar, a cada canto, em livros, jornais, revistas, exposições, nos vídeos, no cinema e no mundo virtual, a beleza das cores, das formas, das expressões humanas, da vida animal, das plantas, das civilizações e do universo sem fim, mas cada vez mais perto de nós.
Fernando Martins