Boris
Não é apoucar a importância do soneto, a sua utilização para enaltecer uma criaturinha de quatro patas! Foi intencional o recurso à mais nobre categoria do género clássico, o soneto petrarquiano. Só assim, se poderá elevar ao nível da imortalidade, esta humilde mas grandiosa criatura, na passagem de um mês, da sua partida!
A âncora que à vida me prendia,
Com um sopro de vento se partiu.
À deriva este barco se sentiu
Na procela da vida que fuia.
Uma alegria sempre renovada!
A cada instante, o amor se
pressentia.
Nele, o apego à vida, a energia
Vinha sendo, dia a dia
conquistada.
Tão cedo, tu partiste deste mundo
Deixando, neste ser, pesar
profundo
Que tão difícil é de mitigar!
Boris, meu amigo Cãopanheiro,
Tenho bem impregnado o teu
cheiro,
Teus gestos... e a cauda a
abanar!
Mª Donzília Almeida
02.05.2012