Do mais recente livro de José Mattoso
que acabei de ler
«Com efeito, a contemplação mostra-nos a fantástica variedade, complexidade e coerência dos fenómenos da vida, da constituição da matéria, e da prodigiosa dimensão e regularidade do mundo cósmico. A contemplação intensifica a fruição da arte na música, na pintura, na poesia, no teatro e no cinema. A contemplação torna-nos sensíveis ao riso e à frescura das crianças e de tudo o que começa de novo. A contemplação faz-nos descobrir em toda a parte homens e mulheres inesperadamente inventivos, generosos e honestos. A contemplação inspira-nos o respeito e a admiração por quem é capaz de manter a dignidade face ao sadismo dos torcionários nas prisões e campos de concentração. A contemplação abre os nossos ouvidos ao clamor dos famintos e dos oprimidos em todo o mundo e em toda a História, e faz-nos partilhar com eles a compaixão pela humanidade ferida.
A contemplação introduz-nos no mistério do sofrimento que se torna passagem para a ressurreição através da morte aceite e vencida, e mostra-o em Jesus Cristo, Filho de Deus, sinal da invencibilidade da vida. A contemplação associa como num único sujeito todos os homens e mulheres que desde o princípio do mundo perscrutaram o mistério do Uno e do Todo. Assim, o homem contemplativo perde o medo do futuro. Vive no presente e descobre, a cada passo, nas coisas grandes e pequenas, nas coisas boas e más, na doença e na saúde, na prosperidade e na pobreza, na paz e na guerra, a espantosa realidade das coisas.
A contemplação introduz-nos no mistério do sofrimento que se torna passagem para a ressurreição através da morte aceite e vencida, e mostra-o em Jesus Cristo, Filho de Deus, sinal da invencibilidade da vida. A contemplação associa como num único sujeito todos os homens e mulheres que desde o princípio do mundo perscrutaram o mistério do Uno e do Todo. Assim, o homem contemplativo perde o medo do futuro. Vive no presente e descobre, a cada passo, nas coisas grandes e pequenas, nas coisas boas e más, na doença e na saúde, na prosperidade e na pobreza, na paz e na guerra, a espantosa realidade das coisas.
Mas a contemplação é um exercício exigente. Requer a concentração, o despojamento e a solidão. Exige de quem a busca o descentramento de si mesmo. Por isso não é só um exercício de lucidez; é também uma forma de vida. Por isso há ordens religiosas que se lhe consagram inteiramente. A antiga polémica entre ordens ativas e ordens contemplativas não tem sentido. O olhar abrangente e lúcido sobre o mundo diz-nos que a ação e a contemplação não devem ser exclusivas, e que é inútil estabelecer regras acerca do grau de consagração a uma ou outra. Enquanto houver seres humanos que a ela se entregam, de alma e coração, podemos olhar sem medo para o futuro.»