Quando viajamos, por esse Portugal fora, se observarmos a toponímia que nos rodeia, facilmente encontraremos em qualquer localidade, uma rua chamada dos Combatentes. Os monumentos erigidos em nome dos mesmos, também se recortam na paisagem, chamando a atenção dos turistas para a homenagem que a pátria lhes pretende render. A Rua dos Combatentes, em Coimbra, fazia parte do meu percurso diário, que muitas vezes calcorreei, para poupar o custo do trolley.
Portugal tem inúmeros motivos para homenagear os seus combatentes das duas grandes guerras que assolaram o mundo, a somar à nossa guerra do ultramar, que vitimou tantos mancebos, na flor da idade. A década de 60, do século XX, foi palco do embarque de grandes contingentes de tropas que eram enviadas para defender o território ultramarino. O “Vera-Cruz”, “Príncipe Perfeito”, “Infante D. Henrique” e “Niassa” forma paquetes que se tornaram famosos no transporte destes soldados para destinos africanos. Foi um período negro para muitas famílias, que acabaram por perder os seus entes queridos. Ingloriamente!
Para atenuar a dor do desterro, foi até criada uma figura típica, neste cenário de guerrilha – a madrinha de guerra. O Movimento Nacional Feminino, muito apoiou e deu alento a estes soldados, numa missão de acompanhamento moral e psicológico, que produziu os seus dividendos! Os aerogramas eram a correspondência, isenta de franquia, no teatro de operações. Muitas destas relações, madrinha/afilhado, resultaram em casamento, cujo namoro fora feito à distância. Hoje, apesar de todos os avanços da técnica.......continua a fazer-se! Tempos em que o matrimónio, ainda tinha expressão na camada jovem!
De lamentar as sequelas deixadas nesses combatentes, aqueles que sobreviveram, à devastação da guerra, mas que herdaram o síndroma pós-traumático. Este, aliado às deficiências, lá adquiridas, originou um grupo extenso de ex-combatentes que, depois de terem, quase, dado a vida pela pátria, se vêem esquecidos e ignorados pela mesma. É um contencioso que se arrasta, no tempo e urge resolver.
Numa evocação do 93º aniversário da Batalha de La Lys, durante a I Guerra Mundial, 1918, em que tantos portugueses, nos campos da Flandres, perderam a vida, assinala-se a 9 de Abril, o Dia do Combatente, homenageando quantos defenderam a Pátria ou contribuem para a paz no mundo, nas mais diversas regiões.
O Dia do Combatente é, em simultâneo, uma saudosa recordação desses heróis, tantas vezes anónimos, que morreram por Portugal, ao longo dos séculos, bem como uma homenagem a quantos serviram o país nas fileiras das Forças Armadas e que hoje, ausentes da Terra Mãe, dão, com o seu esforço, o contributo português para a desejada paz mundial.
Nesta efeméride de tão profundo significado, devemos curvar-nos, com reverência, perante a memória, desses heróicos portugueses, mortos em teatros de operações militares, cuja lembrança nos é sagrada, prestando a nossa homenagem a todos os ex-Combatentes e a quantos se encontram empenhados no cumprimento de patrióticas missões.
09.04.2012
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