O cancro é uma doença insidiosa que pode surpreender-nos, em qualquer esquina da vida. E, como um assaltante de estrada, ataca indiscriminadamente, não olhando a idade, sexo, estatuto social, credo religioso, ou filiação partidária.
Contra esse assalto imprevisível e inesperado, erguem-se barreiras de defesa, em campanhas de prevenção. A LPCC (Liga Portuguesa Contra o Cancro) que promove uma campanha profilática, permanente, tem vindo a desenvolver um trabalho meritório, no combate a esta terrível doença.
É conhecida, há milénios, a presença do cancro na humanidade. Desde Hipócrates (377 a.C.) que há registos de patologias semelhantes aos vários tipos de cancro dos nossos dias.
Surge o cancro, quando as células têm um crescimento anómalo, o sistema imunitário se revela incapaz de as destruir e se criam metástases em várias partes do corpo. É uma doença, em que a célula sofre mutações ao nível do ácido desoxirribonucleico, (ADN)
É a doença mais temida e temível, de todas as que afetam o ser humano. A investigação, constante, tem permitido conhecer melhor as suas causas e novas formas de o prevenir e debelar.
Contam-se como fatores de risco: a história familiar de cancro, o tabagismo, o consumo de álcool, a exposição intensa à radiação UV (luz solar), a infeção prolongada por vírus e bactérias, como o Vírus do Papiloma Humano, o Vírus da Hepatite B e C, ou a infeção por Helicobacter pylori, a exposição a radiações ionizantes, como os raios x, a exposição profissional a químicos e outras substâncias, a falta de exercício físico e/ou obesidade, que por si só, têm revelado estarem associados ao aumento do risco de determinados cancros, como o cancro de mama em mulheres pós-menopausa, cancro do pâncreas, cólon, próstata e retal. A OMS estima que, em média, 1/3 dos cancros estão relacionados com o tipo de comida que as pessoas ingerem. O fast food, tão em voga, nos nossos dias, dá aqui o seu funesto contributo. Estes alimentos, para além da gordura animal, possuem também um elevado teor de nitritos e nitratos, conservantes responsáveis pela formação e conservação da cor de alimentos, como o bacon, o chouriço, o fiambre, as salsichas etc., que depois de ingeridos, originam em condições ácidas como a do estômago, nitrosaminas, um potente agente cancerígeno. Para além disso, a forma como confecionamos os alimentos é também um fator determinante. Destacam-se os grelhados a carvão, em que as substâncias resultantes da própria combustão são tóxicas.
Outro dos aspetos relevantes relativos à confeção de alimentos, é a utilização adequada de gorduras e a quantidade de sal adicionada. Os principais problemas estão relacionados com o tipo de gordura utilizada para fritar, e o nº de vezes que esta é reutilizada. As gorduras não devem ser reutilizadas e apenas o azeite, o óleo de amendoim e a banha de porco, suportam as temperaturas de fritura, sem se degradar e formar compostos prejudiciais de natureza cancerígena.
Relativamente ao sal, é importante relembrar que as recomendações rondam os 5-6g/dia, e que o seu elevado consumo, contribui para o aumento do risco de cancro, ao nível do trato gastrointestinal.
No entanto, os efeitos negativos resultantes da ingestão de carnes processadas, de grelhados a carvão ou de fritos, podem ser atenuados se os guarnecermos com alimentos ricos em antioxidantes. Devemos acompanhar as refeições, com citrinos, ananás, ou sumos naturais de frutos vermelhos (ameixa, amora, framboesa, morango, mirtilo, e a groselha). Utilizemos cebola e alho para temperar, pela sua riqueza em compostos sulfurados e selénio, que protegem principalmente de cancros por nitrosaminas. Guarneçamos o prato com hortaliças e legumes de cor verde escura (brócolos, couves, espinafres, couves-de-bruxelas) ricos em sulfurafanos, e com legumes de cor vermelha/roxa (tomate, beringela, beterraba) ricos em licopeno, um potente antioxidante que protege células e outras estruturas como o DNA, das agressões provocadas por radicais livres, não esquecendo o vinho tinto (resveratrol, taninos), e o chá verde (catequinas), ambas bebidas com capacidade protetora pelas fitosubstâncias que as compõem.
Nos últimos tempos, a doença anda associada, à polémica dos implantes mamários, que originou, em todo o mundo, uma onda de repúdio pelos transtornos que está a causar, a tantas mulheres, neste contexto oncológico. Processado, condenado e já libertado, o empresário responsável pela marca de implantes PIP, Jean-Claude de 72 anos, está em maus lençóis. Foi acusado por uma juíza de Marselha, pela presumível responsabilidade na comercialização das próteses, em que foi usado silicone industrial, em vez do produto cirúrgico.
Na minha condição feminina, aconselho a todas as mulheres que façam a profilaxia do cancro, usando para isso todos os métodos de deteção precoce e realizando os rastreios gratuitos que as entidades de saúde promovem. Será a forma de estarem prevenidas contra qualquer eventual investida do malfeitor.