domingo, 25 de dezembro de 2011

Uma reflexão para este domingo



GRANDE ALEGRIA PARA TODO O POVO
Georgino Rocha

O anjo de Deus traz aos homens que são do seu agrado um feliz anúncio: “Grande alegria para todo o povo”. E desde então esta alegria marca indelevelmente a história, molda a cultura, introduz um dinamismo novo na vida social, abre horizontes de beleza e encanto ao circuito fechado das cansativas “rotinas”, renova profundamente as práticas religiosas e inaugura a era cristã, a de Jesus Cristo, Senhor.
O acontecimento que provoca esta grande alegria é o nascimento do Deus-Menino, que os pastores contemplam com os olhos do coração e adoram com profundo respeito e admiração. Nada os impede de tão nobre atitude: nem o rótulo social de gente “marginalizada”, nem a pobreza de recursos, nem o medo de serem considerados “fora de lei”.
A escolha do Anjo é sintomática: o primeiro anúncio da grande notícia é dirigido aos pastores, simples e pobres. São eles que atestam o nascimento que requer reconhecimento público, que o recém-nascido é digno de honra, que o facto pode ser oficialmente ratificado. Por isso, contam a outros o que viram e ouviram. O atestado dos pastores vê-se confirmado por um coro de vozes celestes. A brevidade da mensagem é, então, desenvolvida com entusiasmo vibrante: Glória a Deus e paz na terra.
E desde então o Natal reveste muitas modalidades de celebração. O núcleo central que nunca se pode esquecer – o nascimento do Deus Menino para nos fazer “meninos” de Deus – é envolvido com diversos enfeites, glosado em poesia popular e erudita, cantado em melodias e ritmos que dão um novo ânimo a quem se deixa embeber pela sua cadência e beleza.
As canções natalícias, à-parte alguma brejeirice, são rosto privilegiado desta novo espírito que, vindo do céu, se estende a toda a terra. O seu eco jubiloso ressoa na aldeia e na cidade, em festas do beijar do Menino e em consoadas de Natal, no convívio de famílias e na animação das grandes superfícies comerciais, em cortejos de oferendas e em celebrações litúrgicas. O ambiente social e religioso está imbuído deste ritmo revigorante das forças humanas, anímicas e espirituais.
Sirva de “botão de mostra” esta canção tão popular entre nós e em outros países, mas de origem francesa, do século XIX. Ah! Vinde todos neste dia/Cantar um hino de louvor/Hino de paz e de alegra/Que os anjos cantam ao Senhor. Refrão: Glória in excelsis Deo/Glória in excelsis Deo.
Naquela hora abençoada/Em que nasceu o Senhor/ A terra inteira foi abraçada/ Pelas palavras deste clamor. Retoma-se o refrão.
Há uma voz pela campina/Anunciando que Deus nasceu/Naquela gruta tão pobrezinha/ Cantam os anjos do céu. Repete-se o refrão.
Como esta, muitas outras vão anunciando em ritmada poesia a mensagem cristã nas suas mais amplas dimensões: a humanidade de Jesus Cristo que vem salvar-nos, o envolvimento da terra inteira que deve ser preservada (ecologia), o relacionamento entre os povos na paz cósmica (política), o anúncio missionário “por campos e vales” (evangelização), a fraternidade universal dos filhos de Deus convidados a cantar um hino de louvor (cultura), a relação com os bens acolhidos como dons à responsabilidade humana e postos ao serviço de todos (economia).
O cancioneiro de Natal constitui um bom instrumento de evangelização. É notável a resistência da alma popular e do (in)consciente colectivo a todas as ondas de anulação do seu valor ou de esvaziamento do seu sentido. Apesar disso, é patente a urgência de um revigoramento que mantenha vivas as suas fontes e actualize a cantilena das suas mensagens. E o Natal de Jesus será sempre uma boa notícia para todo o povo.

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