Seminário de Santa Joana Princesa celebra hoje,
14 de novembro, 60 anos da sua abertura
14 de novembro, 60 anos da sua abertura
Georgino Rocha
Aceitei o convite para mergulhar na memória do tempo em que fui seminarista em Aveiro. Fi-lo com alegria e entusiasmo. Nunca me tinha dado a tão grata peregrinação orientada: buscar algo que semeado então, qual grão de mostarda, reconhecesse agora como árvore fecunda a crescer progressivamente. Encontrei e detive-me perante três “nichos” especiais: o da cultura, o da justiça social e o da preocupação missionária. E quero mostrar o seu recheio, de forma breve e familiar.
Pude lançar mão de um dos primeiros números da “Messe”, a nossa querida revista, e reler o artigo que, então, escrevi, talvez o primeiro. Dei conta do assunto: uma situação de vida; do estilo da narrativa: existencial de intervenção; de um propósito claro: apelo à acção do conjunto e melhoria da qualidade de vida. Verifico que este gérmen se mantém, praticamente, em toda a minha produção literária e foi adquirindo forma mais incisiva ao longo da minha vida.
Nesta visita com rumo predefinido, deparei-me com a conferência vicentina, sobretudo com as visitas às famílias de Santiago e do bairro da Cezaltina. Entrei de novo em cada casa, recordei conversas, vivi surpresas, desejei ajudar a transformar modos de pensar e estar na vida. Este desejo foi crescendo e dando azo a opções marcantes do meu itinerário existencial. A (des)sorte do meu próximo vive comigo e impulsiona-me a uma permanente solidariedade que manifesto de formas várias: da partilha de bens a estudos da Doutrina Social da Igreja; da presença em grupos de acção e em movimentos de leigos ao apoio a projectos de intervenção social, à comissão diocesana Justiça e Paz, a estar em ligação com a plataforma dos Direitos Humanos, em Aveiro.
No roteiro que me levou ao baú da memória abençoada, surge incontornável o grupo missionário que, não me recordo bem, se era conhecido por círculo de animação missionária. Folheei revistas e cartazes, avivei o empenho de colegas em acções de oração e divulgação, senti-me próximo de conterrâneos que tinham partido para as terras de missão, dei largas aos meus sonhos que, mais tarde, se vieram a realizar de forma tão expressiva: No seminário dos Olivais e no ministério ordenado durante os meses de Verão em Angola e em outros países de África e da América Latina, na implementação do voluntariado missionário ligado ao CUFC, no acolhimento em minha casa de estudantes, leigos e padres, que vinham estudar na Universidade de Aveiro ou em Institutos Superiores; na permanente ligação que mantenho com algumas pessoas que estão “nas frentes da missão”, sobretudo por meio da NET.
Estes “nichos” contêm muitas outras facetas que dão beleza, luz e cor à minha experiência de seminarista. A vida adolescente/jovem traz-nos momentos densos em que se lançam as sementes do futuro. Foi assim comigo e, certamente, com muitos outros. Felizmente!