Dia Internacional de Solidariedade
para com o Povo Palestino
Maria Donzília Almeida
O dia 29 de novembro comemora o Dia Internacional de Solidariedade ao povo palestiniano, quando em 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou a divisão da Palestina em dois Estados: o Estado de Israel (judeu) e o Estado da Palestina (árabe). O segundo - o palestiniano, jamais se realizou. A partilha não foi aceite, pois, a Israel, coube um território maior e mais fértil. A partir daí, os conflitos agravaram-se. A História da Palestina tem sido muito conturbada. É disputada por dois povos: palestinianos e judeus, ambos descendentes de Abraão, a quem, segundo a Bíblia, teria sido prometida a terra de Canaã. A origem do povo palestiniano remonta aos tempos bíblicos, quando Cananeus, Filisteus e outros povos habitavam a região. As conquistas islâmicas do ano 636 até 1917 deram-lhes as atuais características árabe-muçulmanas. O território foi sucessivamente invadido, mas a população original permaneceu na Palestina e deu-lhe o seu nome: "Filistin" ( Terra de Gigantes).
Os judeus ocuparam a região duas vezes: há cerca de 4000 anos, com Abraão e mais tarde, liderados por Josué, vindos do cativeiro no Egito. Os judeus espalharam-se pelo mundo com a repressiva ocupação romana e, no ano 135, foram definitivamente expulsos da Palestina. Na Europa, acusados de todas as desgraças reais e imaginárias, os judeus organizaram-se com o objetivo de regressar à Palestina, no final do século XIX. Compraram terras e instalaram colónias, mas ignorando o povo que habitava a região há mais de 1.800 anos. Embora o início da colonização tenha sido pacífico, nas décadas seguintes começaram os conflitos violentos que se intensificaram principalmente a partir da década de 20. Após a II Guerra Mundial (1945), o mundo assistiu, horrorizado, ao massacre dos judeus feito pelos nazis e apoiou a criação de um Estado que abrigasse os sobreviventes do holocausto e impedisse que a situação se repetisse.
À proclamação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948 seguiram-se seis guerras. Massacrando aldeias inteiras os israelitas foram ocupando gradativamente o território do eventual Estado Palestino, até à totalidade. A maior parte da população palestina foi expulsa. Nem sempre bem recebidos nos países vizinhos, os exilados, criaram grupos para, com seus atentados muitas vezes suicidas, atacar Israel e chamar atenção do mundo para o problema palestino. Dentre esses grupos, organiza-se a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) cujo leader, Iasser Arafat, ganhou reconhecimento internacional especialmente após o final da década de 80, quando renuncia à luta armada e foram iniciados os acordos de paz.
Pelos Acordos de Oslo, em 1993, foi criada a Autoridade Nacional Palestina, uma espécie de experiência de um governo parcial palestino por cinco anos, findos os quais, seria criado o Estado da Palestina. Vários acordos foram feitos e rompidos, outros, "congelados" pelo governo de Binyamin "Bibi" Netanyahu, do partido conservador Likud. A eleição de Ehud Barak , do partido Trabalhista , em junho de 99 trouxe nova esperança de paz, necessária para a criação do Estado Palestiniano .Pelo acordo original, o prazo venceu em maio de 1999, mas tem sido constantemente adiado porque as partes não chegaram a um consenso sobre várias questões: a retirada das tropas israelitas das áreas ocupadas e, principalmente a questão sobre Jerusalém, reivindicada pelos dois povos como capital.
Iasser Arafat comunicou a proclamação do Estado da Palestina para 13 de setembro de 2.000, "com ou sem acordo", porém não alcançou êxito. Frustrados e desiludidos , os palestinos reagiram especialmente após a provocação do general Ariel Sharon, chamado "o general assassino" por comandar diversos massacres contra os palestinianos, entrando na Mesquita de Jerusalém com seus seguranças, de forma desrespeitosa. Os noticiários mostram imagens chocantes: os palestinianos, em sua maioria crianças e adolescentes, atacando com pedras um exército israelita, armado com tanques e mísseis. O conflito chega a um impasse: o governo trabalhista de Barak tem se revelado mais intransigente que o anterior, reagindo aos protestos palestinianos de maneira desproporcional contrariando a maioria dos israelitas que, de acordo com as pesquisas , é favorável à criação do Estado Palestiniano. Hoje, todos os acordos feitos em busca da paz voltaram à estaca zero. A esperança de paz, na região, depende de o povo palestiniano ver assegurado o seu direito de existir numa terra que é sua, onde seus direitos sejam respeitados e para onde possam voltar os exilados. A solução parece estar exclusivamente nas mãos do governo de Israel.
Oxalá a paz seja finalmente encontrada, e que a época natalícia relembre aos povos beligerantes, que Cristo nasceu na Terra Santa, oxalá!