quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um sacristão que nunca sonhou desempenhar tal função

Pedro Fidalgo

Pedro Fidalgo, um sacristão 
sereno e responsável 

Pedro Fidalgo, 49 anos, solteiro, comerciante de produtos alimentares no mercado da Praia da Barra, é sacristão da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré desde janeiro de 2010, conseguindo conciliar as duas atividades. No mercado, de terça a sábado, das 8 às 13 horas, e da parte da tarde está disponível para a paróquia. Ao domingo está envolvido em pleno, para que as cerimónias decorram como está estabelecido. 
O Pedro, que vive com sua mãe, Maria da Conceição, de 91 anos, é uma pessoa serena, generosa, de sorriso franco e aberto, mas é, ainda, um homem disponível para os seus compromissos. Antes de ser sacristão, fez parte do Conselho Económico, com a função de tesoureiro, mas também é tesoureiro da Irmandade de Nossa Senhora da Nazaré. 
Confessa que «nunca lhe passou pela cabeça» assumir as funções de sacristão. Mas no domingo da Sagrada Família, depois da missa, o Prior da Gafanha da Nazaré, Padre Francisco Melo, chamou-o para falar com ele. «Mal podia imaginar que dessa conversa resultaria o convite para ser sacristão», garante-nos o Pedro.
A princípio reagiu, alegando «não servir para tal serviço», mas o nosso prior insistiu e o Pedro volta à carga, perguntando-lhe se achava que seria competente para desempenhar tal função. De pronto, o Padre Francisco disse: «acho, sim senhor!» 
Face à convicção manifestada, aceitou o cargo e entrou de imediato ao serviço, sem vencimento, durante o mês de janeiro, para se adaptar às tarefas usuais de um sacristão. A seguir, assinou um contrato, ficando claro que não poderia prescindir da sua atividade comercial. Prometeu, então, que estaria ao serviço da igreja matriz todos os dias da parte da tarde e aos domingos da parte da manhã; se entretanto houvesse alguma cerimónia aos domingos, de tarde, também aceitou cumprir as suas obrigações de sacristão. 
Quem participa nas celebrações litúrgicas dá conta, normalmente, da presença do sacristão. Sabe que ele prepara o altar, acende as velas, liga a aparelhagem sonora e até faz as vezes dos acólitos quando eles faltam ou não podem participar por razões diversas. Mas as funções do sacristão, no que diz respeito ao seu serviço, não se ficam por aí. Prepara os livros adequados às celebrações, escolhe os paramentos próprios dos tempos litúrgicos e confere a quantidade de partículas para serem consagradas, de modo que sejam em número suficiente. 
Por outro lado, como nos adiantou o Pedro Fidalgo, o sacristão tem de confirmar a presença de leitores e de ministros extraordinários da comunhão, sendo necessário, por vezes, convidar alguém da assembleia para fazer as leituras. Ainda cuida das cestinhas para a coleta da missa. Em dias festivos, também prepara o turíbulo e a naveta com o incenso, de maneira que, na hora certa, tudo esteja operacional. 
O sacristão, e no caso do Pedro isso é notório, orienta os acólitos, mostrando-se sempre atento, para que as celebrações decorram com serenidade e muita dignidade. 
O seu cuidado ainda está patente nas eucaristias em que há casamentos e batizados, cuidando do que for necessário. Durante a semana, lê as intenções das missas dos respetivos dias. 
Para além de tudo isso e de alguns pormenores não citados, o sacristão tem de arrumar tudo, com ordem e cuidado, nos seus devidos lugares, para não haver confusões nas cerimónias que se seguirem. 
O Pedro Fidalgo, muito para além das suas obrigações como sacristão, colabora nas diversas ações relacionadas com o Cortejo dos Reis e Festas das Colheitas, entre outras, programadas pela paróquia. 
Questionado sobre se participou em alguma ação de formação, respondeu que não. Tem-se limitado a cumprir as orientações do nosso Prior, Padre Francisco Melo, e dos seus mais diretos colaboradores, os Padres César Fernandes e Pedro José. 

Fernando Martins

NOTA: Sinto ser minha obrigação sublinhar o papel desempenhado por todos os sacristães que serviram a comunidade da Gafanha da Nazaré até aos nossos dias. Alguns deles conheci-os pessoalmente e de todos guardo gratas recordações pelo zelo com que exerceram essas funções, com sobriedade e muita dedicação, segundo os seus carismas. 

FM

3 comentários:

  1. Excelente Sacristão
    Parabéns

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  2. António Almeida25/10/2011, 10:10:00

    è muito bom uma pessoa ir à Eucaristia e correr tudo bem, mas temos que perceber que para udo correr bem não depende só do Sr. Padre, mas também do Sacristão que faz um trabalho muito bom.
    Ainda bem, que o Senhor Padre lhe fez este convite. Parabéns

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  3. Sandra Figueira25/10/2011, 14:19:00

    Esta entrevista está muito boa. Desconhecia este tipo de trabalho e se calhar mais alguém como eu, e não davamos o merecido valor.
    Agora sim estou esclarecida.
    Parabéns ao Entrevistado e ao Entrevistador.

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