DE BICICLETA ... ADMIRANDO A PAISAGEM – 42
PADEIROS E CARTEIROS
Caríssima/o:
A imagem de hoje fala por si.
Convicto estou que os ciclistas da actual geração não experimentam (não podem...) o sabor a pão fresco que as nossas papilas gulosa e enganadoramente nos trazem à boca.
Os padeiros e as padeiras, manhã cedo, pedalavam pressurosos para venderem o pão do almoço dos trabalhadores... e muitas vezes, a fiado! Se cheirava!
Nesses tempos, como as estações do ano eram marcadas por flores e frutos, com os seus odores e sabores, assim também várias actividades nos brindavam com cheiros e paladares que nos regalavam... Tal e qual: o pão fresco do padeiro!
Há dias em conversa amena recordaram-se estas bicicletas e um nome veio à baila: o Dionísio Padeiro. Alguém dirá melhor que eu mas a forma física obtida a pedalar raivosamente a bicicleta e o cesto permitiram-lhe competir nas corridas oficiais da época.
E permiti que recorde outra profissão muito ligada à bicicleta e à sua saca (mala ou bolsa) de coiro: o carteiro. Assim mesmo no masculino que o feminino ficava ao balcão a vender os selos, a marcar os números das chamadas telefónicas e a enviar e receber os telegramas.
Mas o carteiro chegava e tocava a buzina (lembram-se das buzinas?). Era o correio na altura em que se escreviam cartas... Outra sensação que se foi: receber carta... não vir nada no correio... Eram emoções profundas de dias, meses de dúvidas e incertezas...
Bem, mas hoje tenho de falar de bicicletas, não de sms de namorados que nem olham para as palavras; nesses tempos as palavras (escritas, emendadas, riscadas, amachucadas, molhadas, beijadas!) vinham pela mão do carteiro!
E lembro o senhor Joaquim que, sendo de outra terra, aqui casou e cá ficou. Ainda agora os olhos seguem os movimentos da sua mão ao mergulhar na mala e retirar a carta a entregar ao destinatário!
Manuel