sexta-feira, 7 de outubro de 2011

AVEIRO: Para uma primavera colorida num outono cinzento



Utentes idosos das IPSS de Aveiro 
vestem palmeiras seculares do Rossio


Até 21 de dezembro, aveirenses e visitantes podem apreciar, no Rossio, 16 palmeiras seculares vestidas com arte e cor. Trata-se da segunda edição do projeto “Vestir Aveiro”, tendo o primeiro decorrido durante a última primavera, da autoria do estilista CELSUS. A iniciativa foi da Câmara Municipal e envolveu 12 instituições do concelho, ligadas ao setor da terceira idade. As palmeiras ladeiam uma parte do canal central, sendo todas de grande porte. A ideia visa, no fundo, promover e valorizar elementos patrimoniais naturais, oferecendo a quem passa a continuação de uma primavera colorida e não um outono cinzento. 
O estilista explicou as razões do projeto, adiantando que «as árvores são também seres vivos» e que é preciso ter muito respeito por estas palmeiras, «que são mais velhas do que nós», algumas «seculares». Referiu que foi sua intenção «fazer um mural têxtil, alusivo ao consumo do têxtil nacional que passa por uma fase complicada». Nessa linha, o artista valorizou a importância de «nos ajudarmos a nós próprios, incentivando o consumo do nosso têxtil». 
CELSUS contou com a colaboração de muita gente das IPSS, «de mãos envelhecidas pelo tempo e pelo conhecimento», numa ação direcionada para uma imagem diferente de uma das praças centrais de Aveiro. «Foi fantástico trabalhar com as IPSS; as pessoas empenharam-se ao máximo, pessoas de idade que, noutros tempos, davam muito valor ao seu trabalho manual, ao crochet, às rendas e às flores artesanais», disse.



O estilista salientou, contudo, que foi difícil convencer alguns utentes idosos das instituições a aceitarem a ideia de que o seu trabalho, em parte, iria ficar a dez metros de altura, tornando complicada a apreciação minuciosa da obra feita «com gosto e perfeição». 
Para Maria da Luz Nolasco, vereadora da Câmara Municipal de Aveiro e responsável por esta área, «trata-se de uma intervenção no espaço urbano que tem uma missão muito importante, que é a da integração social e da articulação intergeracional com as IPSS do concelho». «Os idosos do concelho dão um pouco da sua ocupação, um pouco do seu saber e dos seus gostos e com isso conseguem despertar o olhar dos aveirenses e dos turistas que por aqui passam». No fundo — adiantou — este projeto «é muito bonito e uma excelente forma de intervenção no exterior, associando a isso o desígnio da autarquia de interagir com todas as classes etárias». 
Feitas as contas, envolveram-se nesta ação 130 idosos durante três meses, porque foi necessário estimulá-los a aceitar a ideia, escolher tecidos, cortar, coser, bordar e colar, num ambiente natural de partilha, tendo sobressaído, como podem ser apreciadas agora, no Rossio, sensibilidades e capacidades criativas dignas de registo dos utentes das instituições de solidariedade social. 
Pode concluir-se que esta iniciativa, de cariz essencialmente cultural, social e solidário, pretende contribuir para uma nova dinâmica nestas áreas, ao mesmo tempo que se reforça a vocação artística, lúdica e turística, enquanto se valorizam os elementos patrimoniais, naturais e edificados, do concelho de Aveiro. 
Participaram nesta ação a Associação de Melhoramentos de Eixo, a Cáritas Diocesana, o Centro Comunitário da Vera Cruz, o Centro de Formação e Cultura da Costa do Valado, o Centro Paroquial de São Bernardo, o Centro Social de Azurva, o Centro Social de Santa Joana Princesa, o Centro Social Paroquial de Santo André de Esgueira, as Florinhas do Vouga, a Fundação CESDA, a Fundação da Casa do Pessoal da Segurança Social e de Saúde do Distrito de Aveiro e a Santa Casa da Misericórdia de Aveiro. 

Fernando Martins

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