O primeiro contacto com a ilha, na tarde de 20 de Julho, evocou, em nós, a memória de João de Santarém e Pedro Escobar, quando em 1460, desembarcaram em S. Tomé! No século XXI, também estávamos à descoberta de uma terra desconhecida! O meio que nos levou à ilha, não foi a caravela do tempo das Descobertas, nem uma qualquer piroga que viemos depois a observar no imenso mar que abraça a ilha. Desde o tempo dos marinheiros portugueses, houve grande evolução da ciência e tecnologia, pelo que as distâncias foram drasticamente encurtadas. Em poucas horas, as pessoas mudam-se de um continente para outro e as comunicações tornam-se mais fáceis. O cheiro da terra, o bafo quente da noite S. Tomense, trouxeram, bem nítida, a memória dos navegadores portugueses. Na época áurea dos Descobrimentos, no reinado de D. João II, os Portugueses alargaram o território, contribuindo para o engrandecimento da pátria. Devido à evolução natural das coisas, a História mudou de rumo e hoje, S. Tomé e Príncipe é um país independente, com uma jovem democracia.
Conta a História que os Portugueses foram encontrar a ilha, de S. Tomé e a ilha do Príncipe em pleno Atlântico, em estado virgem, inabitadas, ostentando uma vegetação luxuriante, própria de um clima tropical. São inúmeras as espécies vegetais, algumas completamente desconhecidas para nós. Numa visita curta pela ilha, encontrámos muitos embondeiros, de caules enormes e copas recortadas, que eu só conhecia em imagens. Árvores do cacau bordejavam as estradas estreitas, que contornavam a ilha, oferecendo-nos prodigamente o fruto do cacau, no seu estado primitivo. É grande a variedade de frutos tropicais que a natureza, em dádiva, a este povo, ostenta por toda a parte, com grande generosidade. Influências dos antigos colonizadores? Existem mais que muitas: a língua portuguesa, como língua oficial, ensinada nas escolas; os edifícios coloniais proliferam por toda a parte e o espírito do povo português está impregnado nesta gente que nos recebe de forma afável. Neste momento vive-se a época da gravana, ou seja a estação menos quente da ilha de S. Tomé. Sentados, numa esplanada em frente ao mar, assistimos à queda das folhas, das árvores, prefigurando o cenário do Outono, que se aproxima para nós, os Portugueses. A imagem das jovens mães, transportando os seus bebés, às costas envoltos em capulanas, foram um espetáculo pitoresco, que a cidade de S. Tomé nos ofereceu, numa moldura de verde que envolvia este povo sorridente.