Convívio de fim-de-ano
Maria Donzília Almeida
E julho chegou e o verão se instalou, já com alguns amuos pelo meio. Para trás ficou a primavera, o fim das aulas, das avaliações, da lufa-lufa em que os professores andaram, durante nove meses! Número curioso, se associarmos ao seu significado, a gestação da vida humana.
E nós, professores, o que gerámos, neste mesmo lapso de tempo, que corresponde aos três períodos do ano letivo? Sucesso? Todos nos daríamos por muito satisfeitos e realizados se as estatísticas que o governo quer ver estampadas nas pautas, por esse país fora, correspondessem à realidade. Faz-se tudo, para que as criancinhas transitem de ano, os mais diversos malabarismos acrobáticos, para que cheguem ao fim e possam dizer: sou o maior! Passei de ano, apesar de ter dado cabo da cabeça aos meus professores e de me ter marimbado completamente para os livros.
Passar de ano, ver recompensados os esforços para atingir o sucesso das aprendizagens realizadas, deveria ser o lema de todos os alunos que trabalham e estão a construir o seu futuro. Congratulo-me com isso e dou os meus sinceros parabéns a todos que estiveram nessas fileiras.
Durante um pequeno interregno, vamos descansar das traquinices e rebeldia das adoráveis criancinhas e ganhar forças para o prosseguimento da caminhada.
Para fazer a transição suave dum ano de árduo trabalho docente, para o período de férias...prevenindo assim a ocorrência de algum AVC (!?), mudanças bruscas devem evitar-se, foi realizado o convívio de final de ano, como já vem sendo tradição, na nossa escola. Acontece depois de terminado o período das avaliações e é uma paragem na dura batalha da educação. Assim, num ambiente de descontração e sem pressões de tempo, à noite, os professores de todo o Agrupamento da Gafanha da Encarnação, passaram uns momentos de agradável confraternização.
Coube, desta vez, ao Departamento de Línguas Estrangeiras, a organização. Já vem sendo tradição, atribuir a preparação destes eventos, de forma rotativa, a grupos disciplinares diferentes, para que haja equidade, até nos bons momentos. Foi escolhido um restaurante do concelho, como mandam as regras de promoção do comércio local.
Todos se esforçam por ser criativos e verifica-se até uma certa emulação entre os grupos organizadores o que eleva a qualidade e originalidade do evento.
Também nós, os promotores deste convívio, pensámos em algo que ainda não tinha sido feita até agora, e que de alguma forma fosse original, Nasceu, na nossa mente, a ideia de fazer uma “mostra de talentos “ com a prata da casa! E, na coexistência de formações, aptidões tão diferentes, algo de inovador haveria de surgir! Houve declamação de poemas, leitura de uma história de encantar; um colega surpreendeu os comensais, com os acordes da guitarra, acompanhado, pela voz cristalina da MA.
Alguém chamou com muita imodéstia e algum humor, um mini chuva de estrelas!
Enquanto isto, o Diretor fazia magia para uma criancinha que ficara na sua mesa. Aliás, é seu forte e o seu dom, que já tem utilizado em convívios escolares. Chegou a estar na calha para integrar a lista dos artistas convidados, mas quisemos poupá-lo e proporcionar-lhe um merecido descanso, nas suas atribuladas funções de gestor duma empresa desta dimensão! Ficou-se no papel de mero espetador, ficando o de ilusionista, em standby, para futuras solicitações.
A mim, coube-me a tarefa de locutora/apresentadora do elenco artístico, qual Catarina Furtado em versão sénior!
Para encerrar a festa, em beleza, a voz doce da muy guapa professora de Espanhol que fez uma breve explicação da metáfora do ensino, corporizada na entrega de um bolbo, a cada comensal. Em casa, depois de colocado em recipiente próprio, observar-se-á a evolução e cada um tirará as suas conclusões!
Duas gerações estiveram em palco, a mais velha e a mais nova, em coabitação pacífica e ambas de espírito aberto e recetivo à inovação. É uma das riquezas da classe docente, o convívio, no mesmo barco, de faixas etárias muito diferentes. Na diversidade, está a riqueza, é já um lugar comum.
03.07.2011