“Mais vale um vizinho à mão,
que no estrangeiro um irmão!”
Maria Donzília Almeida
Qualquer pessoa que desempenha uma atividade sistemática, quer por conta própria, quer por conta de outrem, tem necessidade de descontrair do stress provocado pelas responsabilidades laborais! Daí, ter nascido e ter-se importado o anglicismo, hobby, que está na boca de todos, novos e velhos, empregados e patrões.
Um hobby é qualquer coisa que se faz por gosto, por escolha própria e que nos liberta as tensões do trabalho remunerado. Os hobbies vão desde o colecionismo das mais variadas coisas, até às atividades de ar livre que reúnem em si, vários benefícios. É salutar, é terapêutico possuir um hobby!
Um dos meus hobbies é, exatamente, uma atividade de ar livre, atualmente muito praticada por profissionais, mas que eu faço por gosto – a jardinagem. O facto de a praticar ao sol é logo uma aliciante, já que o astro-rei e eu mantemos uma relação de muita intimidade! Quando falta, já não me apetece tanto jardinar! Quando o vento norte quer atravessar-se na nossa relação, o que por estas bandas é uma constante, interpondo-se entre nós e faz rodopiar as folhas na calçada, aí, retiro-me para um local mais aconchegado e... abandono os dois!
É p’ra mim um doce alívio
E com a verdade se encerra:
Eu gosto deste convívio!
Um dia, tive a necessidade de remover duas árvores que haviam morrido de pé, com a máxima dignidade com que os seres vivos podem despedir-se da vida! Tinham contribuído com a sua quota-parte de pulmão do planeta, para o homem... e eu... respirarmos ar puro. Mas havia chegado o fim daquelas cerejeiras de jardim, que em muitas primaveras me encheram o olhar de beleza cor-de-rosa. É curioso como as árvores murcham e ficam ainda, tão firmemente, agarradas à terra. Será a saudade dos companheiros de jornada? Será que no reino vegetal, estes seres vivos também se comunicam? Gostava, um dia, de saber!
Ora, como o esforço necessário para arrancar os caules era superior às forças disponíveis e não podia aplicar, ali, o princípio das roldanas ou alavancas, resolvi pedir ajuda a um vizinho. Quando se instalara ali, o jovem casal, como mandam as relações de boa vizinhança, dera-lhe as boas-vindas e havíamos trocado a promessa de ajuda recíproca.
Foi verdadeiramente exemplar a prontidão com que veio, não só o vizinho, como também o amigo deste que na altura o visitava. Com boa disposição e sentido jovial, fizeram a tarefa que para eles pouco lhes custou. Contrariamente, para mim foi prestado um grande serviço.
Foi a primeira vez que solicitei este novo vizinho, mas devo referir que fiquei muito agradavelmente surpreendida, com a atitude de disponibilidade manifestada. Aí, senti tão verdadeiro, aquele dito popular: “Mais vale um vizinho à mão que no estrangeiro um irmão”! Às vezes... não é preciso estar no estrangeiro, pode ser no virar da esquina e... ser egocêntrico! A comunicação... faz-se por pontes e não por muros!