domingo, 1 de maio de 2011

1.º de Maio: Algo de explosivo pode acontecer



Dia 1 de Maio - Dia do Trabalhador

Mª Donzília Almeida

O Dia do Trabalhador, comemorado no dia 1 de Maio, remonta ao mesmo dia do mês, do ano de 1886, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos da América. As más condições de trabalho, os baixos salários praticados, a exploração do trabalho infantil, foram o fermento que alimentou a rebelião 
A jornada laboral excedia as 12 horas de trabalho diário, ao mesmo tempo que os filhos dos trabalhadores eram também encaminhados para tarefas extenuantes, ainda de tenra idade. 
Ao fim de muitas dificuldades e entraves, o objectivo da luta concretizou-se e o horário de 8 horas de trabalho passou a vigorar. Dividia-se, assim, o dia em três períodos: oito horas para trabalhar, oito para dormir e oito para lazer ou usar a se bel-prazer. 
A primeira comemoração do 1.º de Maio, em Portugal, fez-se no dia 1 de Maio de 1974, poucos dias após a revolução que derrubou a ditadura, instaurando a tão desejada democracia. Nesse ano histórico, os trabalhadores saíram à rua e cantaram a viva voz, vivas à democracia. Foi um movimento apoteótico de gente que inundou as ruas das nossas cidades, cheia de convicção que a sua vida ia mudar. Há uma certa ingenuidade no povo, que facilmente se deixa influenciar por vozes demagógicas que prometem mundos e fundos, sem saberem se conseguirão cumprir aquilo que dizem (às vezes têm a certeza que não cumprem!) 
Houve até quem tivesse apelidado a nossa revolução de romântica, já que não houve derramamento de sangue.
Hoje, dia 1 de Maio de 2011, o panorama político, económico, social e laboral apresenta-se em tons muito negros, que afugentam qualquer regozijo associado ao Dia do Trabalhador. A situação política é de grande instabilidade e conduziu o país a uma crise económica, sem precedentes na história. 
As fábricas a fechar, os despedimentos massivos, envolvendo, por vezes, famílias inteiras, criam no povo uma insatisfação sem medida. Quando falta o pão para a boca, a frustração, o descontentamento, a revolta, misturam-se no cadinho das emoções e.... algo de explosivo pode acontecer. As revoluções geram-se aí. Já o dramaturgo William Shakespeare, homónimo do recém-casado príncipe e seu conterrâneo, dizia: - “A revolta cria em nós, uma segunda natureza!” 
Vejamos a contradição dos tempos. Se no século XIX, se pugnava por uma diminuição do horário de trabalho para oito horas, hoje, luta-se por um posto de trabalho, onde se possa ganhar, dignamente, o pão de cada dia. 
Afinal, onde está o papel dos políticos? Não é uma das suas funções, criar riqueza para que todos os cidadãos possam ter uma vida condigna, em troca do trabalho ou do serviço que prestam ao estado? 
As expectativas para o futuro, não são nada risonhas. Com o encerramento de muitas fábricas e a redução de efectivos no sector público, antevê-se a chegada de dias difíceis. 
E... se é do conhecimento comum que “o trabalho dá saúde”, pergunta-se onde fica a farmácia que vende a pílula chamada “trabalho”! Ou iremos ficar todos doentes (menos os políticos), à espera duma pandemia que nos leve desta p’ra melhor? 

01.05.11

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