«Com uma pergunta sobre o "sentido da dor" após a tragédia que se abateu sobre o Japão em Março, será aberta a primeira entrevista que o Papa Bento XVI dará à televisão italiana por ocasião da Sexta-feira Santa.
Pela primeira vez na história, um Papa responderá em um programa da televisão pública italiana (RAI), chamado "À Sua Imagem", às perguntas de um grupo de fiéis.
Segundo a RAI, o programa durará uma hora e vinte minutos, foi gravado antecipadamente e será transmitido às 14h10, aproximadamente na mesma hora em que se acredita que Jesus tenha morrido.
As respostas do Papa foram gravadas a 15 de Abril na biblioteca do palácio apostólico.
Entre as sete pessoas escolhidas para fazer uma pergunta das mais de duas mil propostas à redacção, está a de Elena, uma menina ítalo-japonesa de sete anos, que presenciou a morte de outras crianças, sentiu a casa tremer e ficou traumatizada pelo terramoto seguido de tsunami que devastaram seu país em 11 de Março.
O Papa, que inicialmente aceitou responder a apenas três perguntas relacionadas com a vida de Jesus, tema de seu último livro, resolveu aumentar o espaço, devido ao sucesso que a iniciativa suscitou.
Bento XVI aceitou abordar todos os assuntos, entre eles o destino das pessoas em coma e as perseguições contra os cristãos por muçulmanos no Iraque.
Um dos assuntos mais comoventes sobre o qual o pontífice deverá responder é sobre a alma de quem está em coma irreversível, feita por uma mãe italiana que acompanha o seu filho nesta situação dramática. O tema não foi escolhido ao acaso, já que se abriu na Itália um debate sobre a eutanásia, após o caso de Eluana, que passou 17 anos em coma até que a família obteve autorização para suspender sua alimentação.
Segundo informações antecipadas pelo jornal “La Stampa”, o Papa explicará que a alma não deixa o corpo, mesmo se o indivíduo estiver inconsciente, e lembrará que as pessoas em coma precisam receber amor, afecto e cuidados.
Uma mulher africana e muçulmana, proveniente da Costa do Marfim - país que acaba de passar por uma violenta crise após as eleições presidenciais -, e sete estudantes cristãos residentes no Iraque, sob ameaça permanente, também farão perguntas.
O Papa falará de temas variados, muitos relacionados com a dor, por se tratar da Sexta-feira Santa, dia em que os católicos comemoram o calvário de Cristo.
Em seis anos de pontificado, Bento XVI concedeu poucas entrevistas, a primeira à televisão polonesa, após a morte de João Paulo II, em 2005, e outra em 2006, à emissora de TV alemã, seu país de nascimento.
Nesta ocasião, trata-se de perguntas feitas por particulares, não por jornalistas.»