segunda-feira, 7 de março de 2011

A chanfana de carneiro à moda de Ílhavo


A chanfana de carneiro à moda de Ílhavo foi apresentada há dias na televisão pelo conhecido Chefe Hélio Loureiro. É sempre agradável ouvir falar das nossas tradições e ver na comunicação social o que temos de bom. A propósito desse programa que eu também vi e que posteriormente foi divulgado pelo JN, António Angeja enviou ao chefe Hélio o seguinte e-mail:
«Li o seu artigo no JN e aproveito para lhe dar os parabéns pela ideia...
Ílhavo é uma cidade que tem uma óptima gastronomia tradicional que alguns fazem por esquecer.
Pode-se achar estranha a utilização do carneiro em chanfana, mas em Ílhavo é lógico, pois precisávamos da lã para aquecer os pescadores e na verdade, antes do sec. XX, havia por cá muitos rebanhos de carneiros.
Achei pouco fazer chanfana só de 1kl de carneiro porque numa noite de forno fica quase em nada (e a chanfana vai ficando mais gostosa nos dias seguintes)... O Sr. pode comer uma chanfana durante mais de 8 dias. Quando era criança, em casa dos meus avós, o rebanho passava na rua, era abatido e esfolado um carneiro/ovelha no alpendre na Páscoa e outro no Sto António da Coutada... Feita a chanfana em caçoilas que passavam o ano sobre o telhado para não rançar, ela era comida aos poucos na semana seguinte, primeiro com batatas assadas e arroz no forno e depois com batata cozida..... por último quase só era o molho e batatas...
Tenho familiares na Califórnia que quando estão cá pedem sempre chanfana...
(…)
Na nossa Gastronomia há alguma que tem história local (chanfana, arroz e aletria doce com ovos, bolo de buraco) e outra que passou os limites da cidade (canja de galinha à moda de Ílhavo, peixe de pitau e arroz de molho pardo) com os ílhavos que se espalharam pelo litoral português e estrangeiro...»

Chanfana de carneiro à moda de Ílhavo

Ingredientes

3 a 4 kg de carne de carneiro
1 cebola grande
1 ramo de salsa
1 folha de louro
4 dentes de alho (picado)
2 colheres de sopa de azeite
Vinho tinto e branco q.b.
Pimenta, colorau e sal q.b.

Confecção

Lava-se bem a carne, e deixa-se a escorrer durante 1 hora. Numa caçoila de barro, põe-se, no fundo, uma camada de cebola, salsa, louro e alho, assim como o azeite e o vinho até cobrir a carne.
Vai ao forno (de lenha) pelo menos 2 horas.
A chanfana pode permanecer dentro do forno até ele arrefecer ficando mais tenra e suculenta.

Fonte: Gastronomia

2 comentários:

  1. Foi com prazer que li esta descrição da nossa chanfana, poia há uns anos num almoço típico serrano fui confrontado com um autótene que ao ouvir-me mancioná-la disse que esta zona não era de chanfana mas de bacalhau. Aqui não havia rebanhos, disse. Respondi que na sua terra também era bem conhecido o bacalhau no forno embera não conhecessem o mar e tentei esclarecê-lo do modo como os rebanhos nos visitavam quando se justificava: pelas festas, pela comunhão, etc. e que era o prato principal de qualquer boda. Foi isso que observei em casa dos meus avós e dos meus pais. As sobremesas eram também as mencionadas no texto. Nesta altura o bacalhau não tinha o estatuto que hoje tem e a chanfana dominava qualquer evento festivo, prolongando-se a festa pelos dias seguintes enquanto as caçoilas tivessem algo com que se molhasse o pão cozido no mesmo forno.

    Cumprimentos ao Chefe Hélio Loureiro que admiro e a António Angeja que tão bem retratou o nosso passado gastronómico.

    João Marçal

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  2. Obrigada pela partilha. Já copiei a receita e um dia destes vou experimentar. Eu, estou mais habituada aos ensopados de borrego e a minha chanfana costuma ficar mais parecida com eles. Um abraço com votos de muita saúde e uma Santa Páscoa.

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