quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um livro de Licínio Amador: “Contos da Terra dos Ílhavos"

 Licínio Amador com uma futura leitora

Ilustração da capa

Estive ontem, 8 de Dezembro, no anfiteatro do Museu Marítimo de Ílhavo, no lançamento do livro “Contos da Terra dos Ílhavos”, de Licínio Amador. Foi, sem dúvida, um acontecimento cultural de relevo, que mobilizou muitos ilhavenses, e não só. O autor e o livro bem justificaram a participação de pessoas de todas as idades e níveis académicos.
Domingos Cardoso, que fez as honras da casa, sublinhou que a cultura é luz que ilumina a nossa civilização. E por se tratar de um acontecimento em Dia da Mãe, adiantou, com sentido oportuno, «que a cultura também é mãe».
Referindo-se ao livro, adiantou que o trabalho de Licínio Amador é uma homenagem aos nossos antepassados, acrescentando que a cultura tem muitas faces, muitas expressões, como se pôde apreciar nos  fados de Coimbra, com cantor e músicos ilhavenses a emprestaram ao evento uma nota muito agradável, com o amor a sobressair.
Depois a velha mas sempre renovada história da “Lâmpada”, roubada, segundo a lenda, à vista de toda a gente, tema glosado num dos 12 contos que enchem aquele  livro de Licínio Amador, que também é poeta premiado. Alunos e professores da Escola João Carlos Celestino Gomes mostraram-se à altura.
José Manuel Cachim, amigo de infância de Licínio, reconheceu, na apresentação da obra, que Ílhavo é, realmente, «uma terra com valor». Falou da força de vontade de que o autor foi um exemplo, do esforço que fez para concluir o curso superior, como voluntário, enquanto trabalhava na actividade comercial da família, e enalteceu a importância do Prefácio — Uma poética da imaginação — de Rita Marnoto, para melhor se compreender o contexto do texto, onde se salientam vultos da nossa história, que, conforme disse, «até parece que andaram por Ílhavo a falar com os nossos antepassados». José Manuel Cachim  manifestou o desejo de que “Contos da Terra dos Ílhavos» seja «um desaforo,  para ser lido abuzacados à lareira».
«Deus quer; o homem sonha; a obra nasce», no dizer certíssimo de Fernando Pessoa, deixou o presente e foi assumido por Licínio Amador no pretérito. A obra aí está para todos  os seus amigos, e não só. «A partir de agora, o livro pertence aos leitores», garantiu. Com gente de Ílhavo, carregada das suas tradições e aventuras, que o autor tão bem soube retratar, usando ditos cantarolados, como só os ílhavos sabem dizer. E na hora da apresentação, lá vieram à baila os bilharacos e a chora, a galeota e as línguas de bacalhau, as mulheres de preto como viúvas de maridos ausentes nos mares gelados, a sociedade matriarcal em tempos próprios, a troca do v pelo b (baca e binho). Mais ainda: os inspiradores Camões, Almeida Garrett, Fernão Lopes e a História de Portugal, com tantas personagens fiéis aos exemplos do povo de Ílhavo.
Paulo Costa, vereador da Cultura da autarquia ilhavense, mostrou a sua satisfação pela casa cheia, que a obra justifica. Cada conto obrigou-o a ler o seguinte. Sem parar. Este livro de Licínio Amador tem de estar nas escolas, para que os jovens percebam melhor a história e a linguagem dos ílhavos. Apreciou a solidez da escrita e a capacidade de descrição do autor. Garantiu, para nosso orgulho, que os heróis de Ílhavo também participaram nas grandes viagens dos portugueses. Quem o duvida?

Fernando Martins

1 comentário:

  1. Gostei imenso da cerimonia de lançamento do livro, até porque juntou um elevado numero de pessoas de Ílhavo, situação que me agradou imenso, comparando com outros eventos de outras origens.,,
    Quanto ao livro, de que li alguns textos, fiquei com a ideia que existem alguns erros históricos e pouco cuidado com o quotidiano medieval, principalmente nas relações entre as diversas classes e as profissões. Quanto ao nosso glossário local antigo, ele foi divulgado no «O Ilhavense» ainda há pouco tempo e encontra-se em alguns sites locais…

    António Angeja

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