Na hora de partir e repartir o bolo
Se esquecermos o passado não teremos futuro
Ontem, 11 de Dezembro, num restaurante da nossa praça, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) levou a cabo mais um convívio de Natal, sob o signo da alegria. Cerca de 100 convivas, entre membros do grupo e amigos, partilharam o que é típico desta quadra: o prazer da troca de impressões e a satisfação de se reverem, ao mesmo tempo que debitaram opiniões sobre o folclore e sobre vivências proporcionadas por um ano de trabalho intenso em prol da cultura da nossa região. E a propósito, Vasco Lagarto, um amigo do grupo e presidente da Direcção da Cooperativa Cultural e da Rádio Terra Nova, sentado ao meu lado, como é hábito, escreveu na toalha de papel da mesa comum: «O passado pode ser importante, mas quando o esquecemos não temos futuro.» Pois é verdade. Fiquei a pensar nisto e a medir a urgência, que é grande, de olharmos um pouco para as nossas raízes.
Com uma refeição farta e variada, bem regada e conversada, o bolo de aniversário e a música culminaram o repasto, de mistura com curtos discursos bem-humorados. O presidente e fundador do GEGN, Alfredo Ferreira da Silva, voltou mais uma vez a reclamar a já célebre Casa da Música, tendo em conta que as condições de trabalho e de ensaio não são as ideais. Claro que a crise, tão apregoada, até mete medo a quem precisa de pedir, mas o nosso amigo Alfredo não hesitou em o fazer, até porque «atrás de quem pede ninguém corre».
Em resposta, Paulo Costa, sócio do GEGN e membro no activo ainda há poucos anos, agora vereador da Cultura da Câmara Municipal de Ílhavo, não deixou de garantir que a «Casa da Música vai avançar tão depressa quanto possível». E a propósito adiantou que aquela instituição constituiu, deste há bastante tempo, uma parceria com a autarquia ilhavense, «sempre na primeira linha». Este ano, por exemplo — referiu Paulo Costa — o grupo participou, com entusiasmo, no centenário da freguesia e paróquia, mantendo «o mesmo andamento no trabalho de qualidade que desenvolve».
António Amador, membro-dirigente do Conselho Técnico da Federação do Folclore Português, saudou «os companheiros de luta», os que no dia-a-dia pugnam pela valorização e reconhecimento da cultura popular, que o mesmo é dizer da cultura, simplesmente, confessando-se admirador e, mais do que isso, «amigo deste grupo». Manifestou, entretanto, o desejo de que o Menino Jesus ofereça ao GEGN a prenda de que precisa, isto é, a Casa da Música.
O presidente da Junta, Manuel Serra, não perdeu a oportunidade de sublinhar a importância das celebrações do «belíssimo ano do centenário», onde o Grupo Etnográfico se envolveu, tendo referido que, se continuarem a trabalhar como até aqui, este baluarte da nossa cultura representar-nos-á com a mesma dignidade com que o tem feito, quer no país quer no estrangeiro.
Por sua vez, o Padre Francisco Melo, Prior da Gafanha da Nazaré e da Gafanha da Encarnação, mostrou profunda gratidão pela forma como o Etnográfico tem «ombreado com a paróquia, quando é preciso», mas ainda pelo «cartão de visitas que é da nossa terra». Finalizou com um conselho sempre oportuno: «O mais importante é realizarmo-nos como pessoas.»
FM